Santo Antonio de Pádua

A Ordem e a Família Franciscana celebram no dia 13 de junho, Santo Antônio (1191-1231). Sacerdote, doutor Evangélico da Primeira Ordem, foi canonizado por Gregório IX no dia 30 de maio de 1232.

O santo de todo o mundo

O papa Leão XIII assim o designou: “O santo de todo o mundo”. A respeito de Santo Antônio dizia o Papa João Paulo II: “Sem fazer exclusões ou manifestar preferências, é certo que nele a santidade atingiu píncaros de excepcional altura, impondo-se a todos com a força dos exemplos e conferindo ao seu culto a máxima expansão pelo mundo. Difícil encontrar uma cidade ou país do orbe católico que não tenha ao menos um altar ou um imagem do santo”.

Ele é de Lisboa em Portugal, mas também de Pádua na Itália. Na realidade pertence ao mundo inteiro. Um frade menor de “dupla nacionalidade” que viveu com energia evangélica e coragem intrépida sua vocação. Biógrafos do santo se entusiasmam por sua figura. Fernando Félix Lopes, frade português, fala a seu respeito com ânimo alevantado e estilo lusitano: “Desde que há tantos séculos apareceu no mundo, logo conquistou o coração de pequenos e grandes, de sábios e ignorantes, de pobres e ricos; e os homens das mais diferentes raças e das terras mais distantes trazem-no na sua roda como se fora pessoa da família, e até, para desfrutar de sua vizinhança, lhe montam uma gruta à beira dos seus lares”.

Seu nome de batismo era Fernando. Nasceu em Lisboa em 1195. Do mês, do dia e mesmo do ano não se tem absoluta certeza. Veio ao mundo no seio de uma família de pequena nobreza, alguns falam de família de militares. Estudou as bem primeiras letras na escola da Catedral. Sentiu a vocação para a vida religiosa. Ingressou no Mosteiro de São Vicente dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho. Dois anos após passou para o Mosteiro da Santa Cruz onde viveu nove anos. Ali completou sua formação científica e teológica e também foi ordenado sacerdote. Morreu em Pádua em 1231.

Houve um fato importante que chegou ao seu conhecimento e que tocou profundamente seu interior: a contemplação dos restos mortais dos cinco primeiros mártires franciscanos, mortos para honra da fé, em Marrocos a 16 de janeiro de 1220, portanto, há mais de 800 anos. A partir daí, nasceu em seu coração o desejo do martírio e de tornar franciscano.

Ingressa na Ordem e passa a se chamar Frei Antônio. Seu propósito era pregar aos sarracenos e morrer mártir. Partiu para a missão no outono de 1220. Chegando ao destino adoeceu e precisou voltar à pátria. Os ventos, no entanto, afastaram o navio do destino projetado e a embarcação foi ancorar nas costas da Sicília na Itália. Dali foi a Assis e participou do Capítulo dos frades em 1221, ocasião de ver e encontrar São Francisco. Não conseguiu o martírio. Ficou conhecido como “mártir pelo desejo”. A partir de então será o grande evangelizador, caminhando, escutando, pregando.

Antônio percorre a Itália e a França. Missionário, pregador, meigo e severo quando necessário. Homem de refinada cultura bíblica. Seus sermões acham-se impressos em tomos volumosos. Estamos no século XIII, em meados de 1220-1230. Nas estradas que vão de Pádua a Rimini na Itália, de Montpelier a Bourges na França, revestido do burel franciscano, mobiliza multidões. Homens e mulheres aos milhares, sadios e enfermos, jovens e idosos a ele se dirigem, gente do campo, cavaleiros, senhoras nobres. Ninguém falava tão convincentemente do Evangelho como esse franciscano. Citava passagens inteiras da escritura de cor. Depois do almoço as pessoas lhe faziam perguntas. Pacientemente as ouvia, atendia confissões, visitava os doentes. Um missionário andarilho. Seus principais campos de atividade foram o norte da Itália e o sul França onde grassavam doutrinas heréticas. A pedido de Francisco, ministra curso de teologia para os frades. Francisco lhe pedia, no entanto, os seus ouvintes, estudando seriamente, não viessem a perder o espírito santa oração. Francisco o chama de “meu bispo”.

Antônio tinha os pés no chão, nas coisas de todos os dias e, ao mesmo tempo era um intelectual. Apaixonado pele Bíblia. Sabia interpretar os textos à luz da exegese e dos métodos científicos do tempo. Era um teólogo, mas tinha os pés no chão, por isso tinha as qualidades do pastor.

A pregação de Santo Antônio se caracteriza franciscanamente por seu cunho “popular”, pela sua atenção às pessoas mais simples, aos menores, aos pobres. Mesmo sendo um culto estudioso sente-se enviado, nas pegadas de Cristo, a levar a Boa Nova aos pobres anunciando o Evangelho como mensagem de libertação e promoção dos últimos. Basta lembrar sua severa pregação contra a usura, o egoísmo dos ricos, a violência no campo político.

Muito mais, infinitamente mais precisaria ser dito. Façamos apenas alusão ao “pão dos pobres” que teve milagrosamente origem logo depois do santo ter doado todos os pães do convento aos pobres. Devoção que espalhou-se pelo mundo inteiro, como perene lembrança do lisboeta e paduano.

Terminamos com uma brevíssima passagem de um sermão de nosso santo: “E que dor pode igualar a minha dor? Porque as tuas mãos, diz a Esposa nos Cânticos”, feitas ao torno, de ouro e cheias de jacinto, foram transpassadas por cravos. Os pés, a que o mar se mostrou solo duro, foram pregados à Cruz. A face, que brilha como o sol quando está na plenitude, transformou-se em palidez mortal. Os olhos amados, para os quais não há criatura alguma invisível, estão fechados pelo sono da morte. E que dor poderá igualar a minha dor?”

Santo Antônio, rogai por nós!

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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