Ano Jubilar
A centenária Igreja do Sagrado Coração de Jesus, núcleo central do que hoje o povo costuma chamar de “O Sagrado”, foi construída em menos de um ano e meio, não teve a solidez das igrejas de pedra que costumam atravessar incólumes e inconcussasos séculos. As muitas reformas por que passou não significaram caprichos pessoais ou moda, mas necessidade de conservação. Hoje, a Igreja do Coração de Jesus, em seu interior, é bem diferente de há 50 anos, de há 100 anos. Da Igreja original sobram as duas paredes laterais e, ainda assim, com remanejamentos das janelas e dos próprios vãos das janelas.
Prestar-lhe uma homenagem pelo Ano Jubilar é mais recordar, sem saudosismos, a intrepidez dos que a fizeram, os altos ideais que sempre guiaram seus vigários e a espetacular, ininterruptae rara folha de serviços que esta igreja prestou à comunidade alemã, à comunidade petropolitana e, pelas ligações com convento franciscano, à comunidade brasileira.
Este especial pelo Ano Jubilar, reúne informações do livreto “Centenário da Igreja do Sagrado Coração de Jesus”, produzido por Frei Clarêncio Netti, que autorizou o uso das informações e ressaltou que o texto apresenta dados de crônicas do convento e dos jornais e folhetos nela arquivados. Além disso, também usou-se dos registos históricos por ocasião do último grande restauro da Igreja do Sagrado que compreende os anos de 2001 a 2007.
Organização: Frei Augusto Luiz Gabriel
A Igreja do Sagrado Coração De Jesus está inseparavelmente ligada à presença dos colonos alemães. Foram eles que a fizeram para que lhes servisse de lugar de culto e reuniões.
Não entramos na velha disputa sobre a data da fundação de Petrópolis. Com o jornalista petropolitano Affonso F.Rocha, vejamos os lances da colonização: “Os documentos que temos em mão informam-nos que, em 1835, encarregado pelo governo imperial de levantar a planta topográfica da Província do Rio de Janeiro, no trecho compreendido entre o Porto da Estrela e a Paraíba do Sul, o major de engenheiros Júlio Frederico Koeler, oficial alemão a serviço do Brasil desde 1833, teve, por vezes, de passar vários dias na Fazenda do Córrego Seco, propriedade da família imperial, e, admirando-lhe a feracidade do solo e a excelência do clima, formou o plano grandioso de nela fundar uma colônia.
Terminada a sua missão técnica, concebeu o plano de uma estrada de rodagem à Província de Minas Gerais, aceito logo pelo governo imperial, que o encarregou dos estudos preliminares e, posteriormente, da construção do trecho de estrada da Serra da Estrela e da ponte sobre o rio Paraíba. Para a execução dessa obra grandiosa, preferiu o major Koeler o braço mercenário ao do infeliz escravo. Por uma conhecidênciafeliz, arribara ao Rio de Janeiro o navio inglês “Justine”, a bordo do qual viajavam para Port Adelaide, na Austrália, 238 trabalhadores alemães, embarcados do Havre a 7 de setembro de 1837. O mau passadio a bordo forçara imigrantes a se bublevarem, e o major Koeler valeu-se dessa circunstancia para obter do governo brasileiro o engajamento desses trabalhadores e o pagamento, ao capitão do navio, das respectivas passagens, que seriam posteriormente descontadas, em pequenas quotas, do salário dos imigrantes. Localizados aqui esses compatriotas seus, deliberou o major Koeler dar inicio ao plano de colonização que formara, arrendando, por intermédio do mordomo da Casa Imperial, brigadeiro Paulo Barbosa, a fazenda do Córrego Seco, e obtendo do imperador a concessão de contratar com a casa Delrue&Cia., de Dunquerque, a introdução de 600 trabalhadores alemães, dando-se preferência aos casados.
Delrue & Cia. não deram leal cumprimento ao contrato, e, em vez de aliciarem trabalhadores, promoveram a vinda, em larga escala, de famílias numerosas de colonos, pondo o governo imperial e provincial em sérios embaraços para a localização dos 2.318 imigrantes desembarcados no Rio de Janeiro no ano de 1845.
A chegada, a 29 de junho desse ano, dos primeiros colonos, em número de 158, determinou ao major Koeler um rasgo de magnanimidade, cuja importância histórica é-nos inútil encarecer, pois dele decorreu a fundação da nossa cidade: rescindiu o lucrativo contrato de arrendamento da fazenda, cujos terrenos foram divididos e lotes e cedidos aos colonos, por aforamento perpétuo, pelo magnânimo D. Pedro II, mediante o pagamento de módico foro anual, dispensado nos oito primeiros anos do estabelecimento da colônia.
Estavam lançados os fundamentos da nossa cidade, e o major Koeler, nomeado diretor da nascente colônia, iniciou a construção do palácio imperial, centro a cujo redor se agrupavam as construções coloniais, enquanto, simultaneamente, rasgavam nas encostas dos morros as estradas que hoje constituem as nossas ruas e avenidas, e prosseguiam os trabalhos da abertura da estrada União e Indústris”.
Os católicos formavam 2/3 da colonização, e os protestantes o outro terço. Até 1846, a fazenda do Córrego Seco pertencia à paróquia de São José do Rio Preto. Em 1846, a colônia foi elevada a paróquia sob patrocínio de São Pedro de Alcântara (1499-1562), um franciscano espanhol, que se santificara na penitencia, confessor e amigo de Santa Teresa de Avila, amigo achegado de São João da Cruz, reformador dos conventos franciscanos a que pertencia Frei Henrique de Coimbra, acompanhante da esquadra de Pedro Álvares Cabral e celebrante da Primeira Missa no Brasil. Mas a escolha do padroeiro não se prendia a isso. Nem a alguma devoção popular. Mas à devoção pessoal da Família Imperial e ao nome do Imperador Pedro De Alcântara. A nova paróquia não resolveu o problema dos imigrantes alemães, porque seus vigários não falavam alemão. Até 1870, mais ou menos, os alemães não tiveram assistência apropriada. Sabe-se que, nesta época, esporadicamente vinha de Juiz de Fora um frade capuchino. E em 1870 o padre José Hehn começou a celebrar para a colônia, mas sem aqui se fixar.
Depois de vários entendimentos, veio cá morar o padre Teodoro Esch, radicado até então na Bahia. Assim que pode, abriu uma escola para ambos os sexos e fundou – muito ao gosto alemão- uma sociedade alemã, e cujo reitor fosse um sacerdote também alemão. A ideia cresceu e se encaminharam à Câmara municipal e ao Imperador os requerimentos necessários. Não foi tão fácil nem tão rápido. O terreno cedido pela municipalidade foi o situado em frente à escola, na então praça Nassau e ocupado pelo cemitério municipal, cuja transladação ficaria por conta da comissão promotora.
O Sr.Schmitz fez a planta e o construtor Carlos Kling se encarregou de dirigir as obras. Todos deviam ajudar. E’ claro que nem todos colaboraram. Houve os críticos e fofoqueiros. Houve os intrigantes, que chegaram a ir ao bispo queixar-se e denunciar o padre Esch como herege. As familiasUbelhard-Lengruber se distinguiram na campanha pró-construção, chegando mesmo a financiar o Sr.Franz Vogel para percorrer as fazendas do interior da Província com a finalidade de angariar donativos. O padre Esch redigiu uma circular em português e alemão que foi largamente distribuída. Transcrevemos essa carta em português e publicamos um clichê do texto em alemão, tal como saiu estampado no libreto de Affonso F. Rocha.
“Ilmo. Sr.
Os Alemães católicos residentes na cidade de Petrópolis,tendo obtido pela generosidade de Sua Majestade o Imperador e pela benevolência da atual Câmara Municipal desta cidade o terreno do antigo cemitério para construir-se ali uma Capela, um edifício para uma Escola e outro para residência do respectivo pároco alemão, tem resolvido abrir uma subscrição em favor da realização desse projeto, e vem com a presente carta se dirigir a todos os que, dotados de bens de fortuna e de generosidade de sentimentos, quiserem contribuir com o seu óbolo para essa obra humanitária e religiosa. Quanto ao templo projetado, limitar-nos-emos e apontar que, sem prejuízo e sem quebra da Igreja Matriz, ele há de servir para a maior glória de Deus e maios adiantamento e progresso dos interesses morais e religiosos dos habitantes desta cidade, e neste sentido deve parecer muito conveniente cuida-se também em erigir um outro edifício dedicado a um fim religioso numa cidade onde cada dia levantar-se-ão novos palácios de luxo, novos estabelecimentos de comércio, novas fabricas de indústria, visto que no meio de uma população de tantos mil habitantes, cujo número ainda vai crescendo de dia em dia,u ou mais templos novos nunca hão de ser coisa de luxo e de superfluidade.
Dieu n’a jamais assex de templesdansle monde,
Donnsnouslamainà la main que lesfonde.
Confiados, pois, em que a nossa aspiração não deixará de encontrar e de despertar as mais vivas simpatias entre os homens de sentimentos religiosos, dirigimo-nos com essa subscrição:
Em primeiro lugar ao piedoso e heroico Monarca Brasileiro, protetor nato da religião católica no Brasil, e à Augusta Família Imperial, sob os auspícios da qual todos os dias as maiores empresas saem coroadas de bom e feliz êxito.
Em segundo lugar a todas as distintas famílias da Corte, que, fugindo dos excessivos calores do verão, encontrarão no nosso ameno clima um abrigo magnífico durante a estação calmosa, as quais nunca deixam passar ocasião alguma de manifestar os seus sentimentos nobres e generosos para com todos os fins piedosos, caracterizando-se nesse seu proceder como filhos genuínos de uma nação religiosa por excelência. Em terceiro lugar, a todos os habitantes desta cidade, sem exceção, não podendo eles desconhecer, a suma importância e a grande utilidade da obra projetada para eles especialmente.
Finalmente, a todos os alemães residentes nesta cidade e a todos os nossos compatriotas nesse vasto Império,pedindo-lhes tomem a peitos uma empresa onde se acham empenhados os nossos mais caros interesses morais e religiosos, e contribuam a ela com generosa liberdade, ninguém recusando a sua contribuição miúda que seja, bem convencidos de que o óbolo de viúva e a esmola do pobre trazendo a benção do Onipotente tornar-se-ão o cimento que dará firmeza, duração e estabilidade aos edifícios feitos pelas mãos dos homens. Ainda cabe-nos declarar que os nomes dos principais fautores e benfeitores da obra em questão, gravados em tábuas votivas, hão de ser expostos em lugar conveniente no templo projetado-in perpetuam rei memoriam-a fim de ficarem lembrados ao reconhecimento da posteridade e à comemoração dos sacerdotes no Santo Sacrifício da Missa.
Petrópolis, na véspera do SS. Nome de Jesus, 1837″
O total arrecadado atingiu 27.290$280 réis, conforme publicação no Diário Mercantil de 15 de setembro de 1874. O custo total da obra atingiu 54.343$169 réis, pago por empréstimos a particulares, dos quais foi sempre endossante o Sr. Theodoro Schaffer, alfaiate, entusiasta de todo o movimento religioso, falecido em 1887. Convém ainda lembrar que as famílias Troyack, Vogel e Winter forneceram toda a madeira sem fixarem o prazo de pagamento.
A construção levou pouco mais de um ano e meio, pois a 2 de setembro de 1874 o padre Teodoro Esch anunciava ao povo a bênção da Igreja no dia 8 de setembro. O estilo se aproximava do gótico. Tudo era simples, apesar de O Mercantil de 5 de setembro de 1874 o chamar de “grandioso edifício”. Apenas o presbitério era pintado a óleo.
Parece que a festa maior não foi o dia da inauguração, mas três anos depois, no dia 15 de setembro de 1877, quando o bispo diocesano do Rio de Janeiro, Dom Pedro Maria de Lacerda, benzeu sonelemente os altares e as imagens, encomendados na Europa, e doados por membros da família Ubelhard-Lengruber, que ofertaram também harmônio. Os quadros da via-sacra, em alto-relevo, foram donativo do Sr. Fernando Augusto da Rocha. Além do altar-mor, havia ainda o altar de Nossa Senhora das Dores e o de Santo Antônio, duas presenças que resistiram a todas as reformas, ainda que lhes trocassem os altares e os lugares.
Três dias depois, O Mercantil descrevia assim a solenidade:
“Na igreja dos alemães católicos desta cidade teve lugar no domingo próximo findo, conforme noticiamos, a esplêndida e brilhante solenidade da benção das imagens e altares da mesma igreja, com assistência de SS. AA. Imperiais, do Exmo. Sr. D. Cezar Roncetti, internúncio apostólico, de outros muitos sacerdotes, da camâra municipal e de um grande número de pessoas gradas.
À chegada de S. Excia. o Sr. Bispo diocesano do Rio de Janeiro foi recebido debaixo do pálio pela corporação da câmara municipal e pelo Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito, acompanhando-o até o altar-mor a irmandade do SS. Sacramento da Matriz, os sacerdotes presentes e o alferes comandante do destacamento.
Suas Altezas Imperiais foram igualmente recebidos debaixo do pálio, com a mesma cerimônia, pela câmara municipal e o Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito.
Pouco depois da chegada de S. Excia. Revma. o Sr. Bispo, procedeu este à cerimônia da benção dos altares, imagens e pedras d’aras para os mesmos altares,seguindo-se depois a missa solene que foi cantada pelo Revmo. vigário Nicolau Germain, coadjuvado pelos Revmos. padres Joaquim e Francisco Mendes de Paiva.
A missa foi acompanhada com o órgão tocado por S. Revma. o Sr. padre Teodoro Esch e acompanhado pelo nova sociedade de canto alemã dirigida por esse sacerdote.
Às 2 horas da tarde terminaram todas as cerimônias, que foram celebradas com a maior pompa possível.
Às 6 horas da tarde teve lugar um Te-Deum solene com assistência das autoridades eclesiásticas e de numeroso concurso de povo que enchia literalmente o templo, o qual se achava todo iluminado e interiormente armado e ornado com a maior riqueza e suntuosidade. As imagens, os altares, os quadros da Via-Sacra e as alfaias são obras riquíssimas e de muito gosto. Finalmente, nada falta para o esplendor do culto divino”.
Chamo assim o tempo que vai de 1878 a 1896, isto é, desde a nomeação do padre Esch para vigário da paróquia de São Pedro de Alcântara até a chegada dos Franciscanos.
A capela do Sagrado Coração de Jesus teve altos e baixos, embora nela sempre se tenha celebrado a Missa aos domingos. Padre Esch já não podia atender, assoberbado que estava pelas outras tarefas paroquiais, e mesmo, em 1888, retornou à Alemanha. A capela teve assistência do padre português Mons. Barcelar de Castro Abreu de Magalhães, padre Moreira e do Iazarista padre Carlos Calleri. Mas só se revitalizou com a presença continuada de Mons. João Batista Guidi, auditor da internunciatura, então sediada em Petrópolis, e que, conhecendo bem o alemão, deu a melhor assistência possível à capela e à colônia. Em 1892 a igreja foi enriquecida com dois vitrais franceses, um representando o Sagrado Coração De Jesus e o outro o Coração de Maria, ainda hoje existentes no presbitério.
Para melhor entendermos a presença dos franciscanos em Petrópolis, e, sobretudo, de franciscanos alemães, recordemos um tempo mais longínquo. O Brasil sempre esteve ligado aos franciscanos, desde o desembarque de Pedro Álvares Cabral à chegada de Dom João VI; ao dia do Fico de Pedro; à proclamação da Independência do Brasil, cuja primeira Constituição foi esboçada, como prova documento recentemente descoberto, pelo franciscano Frei Francisco Sampaio, que também foi orador na Sagração do primeiro Imperador. Já em 1665 havia duas províncias franciscanas no Brasil: a do norte, dedicada a Santo Antônio, e a do sul, sob o patrocínio da Imaculada Conceição, ambas com algumas centenas de frades, entregues aos mais diferentes serviços, sobretudo nas missões populares e nas missões entre os indígenas. A perseguição indireta que a Maçonaria, aninhada em todos os postos durante o governo de Pedro II, desencadeou contra as Ordens Religiosas, através de decretos e leis, entre as quais uma que proibia receber noviços, reduziu aos poucos a Província do norte a 9 frades e a Província do sul a um único. Sobreveio a República, com a separação jurídica entre Igreja e Estado. O Papa Leão XIII pediu aos franciscanos alemães da Saxônia que acudissem às duas províncias brasileiras. Em 1891 chegaram à Bahia os primeiros 4. Já no mesmo ano Mons. Guidi, valendo-se de sua posição na Nunciatura, pedia-lhes que viessem a Petrópolis para dar assistência à colônia alemã. Mas só em 1895 os frades aceitara, e para cá vieram em janeiro de 1896. Frei Basílio Roewer anota:
Mons. Guidi… “alugou uma casa nos fundos da igreja, mandou prove-la de todo o necessário pelas prestimosas irmãs do Asilo do Amparo e fixou a inauguração da comunidade para depois da chegada da Europa do Arcebispo do Rio de Janeiro. Devendo este desembarcar no dia 15 de janeiro de 1896, Mons. Guidi fez chamar por telegrama os religiosos que formariam a comunidade. Subiram estes no dia 16 de janeiro e no mesmo dia foi-lhes entregue por Mons. Guidi a casa e assim estabelecida 1ª comunidade de Franciscanos em Petrópolis. Eram os primeiros religiosos Frei Ciríaco, Frei Zeno e o irmão leigo Frei Mariano”.
A partir daí a Igreja do Sagrado Coração De Jesus, o convento e clericato, a escola e, pouco depois, a tipografia passaram a fazer um conjunto de história inseparável, história franciscana, história pastoral em Petrópolis e pelo Brasil afora, história missionária, história viva e continuada em cada aluno da escola, em cada funcionário da editora, em cada livro impresso, história permanente na pessoa de cada frade da Província da Imaculada Conceição que aqui fizeram seus estudos e daqui partiram, tendo alguns chegado a altos postos de comando, como Frei Evaristo Arns, hoje cardeal-arcebispo de São Paulo, e Frei Constantino Koser, atual ministro geral de toda a Ordem. História que se plenifica na pessoa dos frades aqui formados ou que aqui lecionaram e que, em diferentes lugares e circunstancias, pregaram e fizeram o bem e morreram em fama de santidade, como Dom Frei Felício da Cunha Vasconcellos(† 1972 como Arcebispo de Ribeirão Preto, SP), Frei Rogério Winters(† 1969, Bauru, SP), Frei Luís Reinke(† 1937, em Petrópolis), Frei Bruno Linden(† 1960, em joaçaba, SC), Frei Fulgêncio Kaupp(† 1968, em Blumenau, SC), Frei Celestino Mlodzianowski(† 1964, Rio De Janeiro), Frei João José Pedreira de Castro († 1962, em tremembé, SP) e atualmente em jazigo na cripta do Trono de Nossa Senhora de Fátima, em Petrópolis. E como esquecer Frei Heriberto Behr(† 1950, Petrópolis) que por 40 anos foi porteiro do Convento do Sagrado Coração?
Mas voltemos a 1896. Ouçamos novamente Frei Basílio:
“Com a mesma dedicação com que Mons. Guidi tratou da vinda dos Franciscanos, estregou-se, depois de sua chegada, à construção do convento. Valeu-se de sua grande influência junto às famílias abastadas, às quais em pessoa pedia esmolas para a sua obra. Em 10 de maio de 1896 foi benta a primeira pedra da ala dos fundos e de uma parte da fachada lateral. Em princípios de novembro a parte dos fundos estava em condições de receber os primeiros clérigos, em número de seus que, vindos da Bahia, deviam aqui continuar os estudos das humanidades. A outra parte ficou concluída em janeiro de 1897, havendo solene inauguração no dia de Reis pelo fundador. No dia seguinte abriram-se também as aulas para meninos pobres.
O constante aumento do número de crianças exigia o acréscimo de outras salas para aulas, pelo que o ano de 1898 assinala um segundo período de edificação. A fachada lateral foi prolongada para ficar em linha reta com a torre. Depois foi construída a fachada da frente que une a lateral com a igreja de maneira que no interior existe um pequeno pátio. O convento assim terminado em outubro de 1898, tinha nos baixos quatro espaçosas salas para aulas, duas salas pequenas para o estudo dos clérigos, refeitório, portaria e duas salas de visita. No andar superior havia 32 celas e uma biblioteca. Quando, em 1909, com o auxilio de dedicados benfeitores, foram adquiridos diversos prédios à rua Nunes Machado e para aí transferidas as aulas das crianças, os baixos do convento sofreram uma reconstrução. As salas foram divididas em celas com corredor no meio, onde reside parte dos religiosos, ficando a sala da frente servindo, durante algum tempo, de tipografia. Com a construção da nova tipografia, esta sala passou a ser biblioteca. Em 1920 foi removida a escada da frente que não tinha serventia.
Também a igreja do Sagrado Coração sempre mereceu os cuidados dos superiores do Convento. Logo no primeiro ano depois da chegada dos religiosos foi alteada a torre… Estando a igreja apenas caiada, recebeu uma pintura simples a óleo em 1903 e também dois vitrais, representando a ascensão do Senhor e a glorificação de São Francisco. As outras janelas, de feitio simples, foram substituídas por outras mais condizentes.
Em 1906, um insigne benfeitor, já falecido, ofereceu o altar lateral de Nossa Senhora de Lourdes, tendo dado também os dois lustres maiores no corpo da igreja e diversos pequenos. A Ordem III, por sua vez, para deixar patente o seu amor ao Seráfico Fundador, custeou o altar lateral de São Francisco. Pouco tempo depois o altar-mor recebeu de dedicados benfeitores a nova e expressiva imagem do Sagrado Coração De Jesus e as de São José e de Santa Teresa.
Grande satisfação causou a oferta da linda imagem de Nossa Senhora da Piedade e de Nosso Senhor Morto, feita por uma incansável benfeitora e seus dois filhos.
Uma grande reforma sofreu a igreja em 1916. Nos fundos da igreja foi acrescentado o atual coro dos religiosos com que também o corpo da igreja lucrou alguns metros de comprimento. Além disso foram construídas duas capelas laterais: a das Dores e a de Santo Antônio, e abertas duas portas laterais na frente.
A começar em fins de 1919 até meados de 1920 foi renovado todo o madeiramento do teto que ameaçava ruína, e executados diversos melhoramentos nas paredes exteriores da igreja. Principiou em junho de 1919 também a pintura verdadeiramente artística do interior, terminada em fins de setembro de 1920, e foi reformada toda a instalação elétrica”.
A narração de Frei Basílio termina nesse ponto, pois seu relato é de 1921. Logo depois foi reformado todo o soalho. Em 1923 as janelas foram refeitas e receberam os vidros-fantasia, que continuam até hoje. E nesse ano todo o exterior da igreja recebeu pintura.
O terreno em frente à Igreja também passou por modificações. Em 1899 restaurou-se o jardim, que foi cercado por um gradil de ferro. Em 1907 foram retificados os dois caminhos que davam acesso à Igreja e, mais tarde, calçados de paralelepípedos.
Esse retrato da Igreja do Sagrado Coração de Jesus e sua frente permaneceu mais ou menos o mesmo até 1966. Falaremos logo da nova e radical reforma.
O retrato de Mons. Guidi, pintado por Frei Mauro, está na entrada do convento, ao lado do de Frei Ciriáco Hielscher, primeiro superior, obra admirável de Wim van Dijk.
Mons. Guidi não só trouxe os frades, não só acompanhou a construção do convento, mas transformou a Igreja do Sagrado Coração de Jesus em igreja do Corpo Diplomático. Era nela que os Núncios Apostólicos, no tempo em que aqui moravam, costumavam celebrar os solenes pontificais. Um deles, em homenagem ao jubileu de Leão XIII, teve larga repercussão na imprensa da época,e dele participaram o Bispo diocesano, o General Quintino Bocayuva e Sra., o Barão do rio Branco e todo Corpo Diplomático. Petrópolis era então capital da Província. Não vamos lembrar aqui as muitas sonelidades acontecidas na Igreja do Coração de Jesus,as ordenações (num ano se ordenaram padres de uma só vez 29 frades), as profissões solenes,as grandes festas litúrgicas, acompanhadas nos últimos 32 anos pelos Canarinhos, que se ligaram para sempre à Igreja do Coração de Jesus e são hoje, sem dúvida, o melhor coro de meninos do País. Mas temos que destacar a Missa de ação de graças pelos 70 anos de atividades ininterruptas da Editora Vozes, celebrada no dia 13 de agosto de 1971. Dificilmente nossa Igreja voltará a reunir as autoridades que naquela tarde estiveram conosco: o Prefeito Municipal e os 19 Vereadores, o representante do Sr. Governador do Estado, diversos deputados estaduais e federais, o Bispo auxiliar de Petrópolis e Reitor da Universidade Católica, Dom José Fernandes Veloso, que representava também o Sr. Bispo diocesano Dom Manuel Pedro Da Cunha Cintra e, concelebrando a Missa: Frei Constantino Koser( Oficiante), ministro geral da Ordem Franciscana; Dom Aloísio Lorscheider, presidente da Conferência Nacional dos Bispos Do Brasil; Dom Ivo Lorscheiter, secretário-geral da CNBB; Dom Lucas Moreira Neves, bispo auxiliar de São Paulo, responsável pelos Meios de Comunicação da CNBB e representante ad hoc do Cardeal-Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns(que não pode comparecer pessoalmente por haver-se acidentado; Dom Quirino Schmitz, bispo de Teófilo Otoni; Padre Marcelo De Carvalho Azevedo, SJ, presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil; Frei Constancio Nogara, secretário executivo da CRB; Frei Walter Kempf, ministro provincial da Província da Imaculada Conceição do Brasil; Frei Diogo Reesink, ministro provincial de Minas Gerais; padres que representavam os dominicanos, os servitas, os jesuítas, os capuchinhos, os lazaristas, os premonstrarenses, os missionários do Sagrado Coração, os redentoristas, num total de 45 celebrantes e uma igreja inteiramente tomada. E, como um quadro vivo da própria igreja, a presença necessária do Coro dos Meninos Cantores, regidos por seu fundador e diretor, Frei Leto Bienias.
Abrimos um tópico especial para o relógio da torre por causa de seu simbolismo, a par da utilidade, na contagem do tempo. Já falamos do Sr. Theodoro Schaffer. O filho, Rodolfo Schaffer, coroinha desde a primeira hora da nova igreja era relojoeiro. Ele e sua mãe armaram a campanha pelo relógio. A viúva Schaffer, aliás, entrou com 1/3 das despesas. A torre foi alterada em dois metros para receber, em 1898, o relógio, que foi inaugurado no dia 7 de março. Ao terminar a Missa exatamente às 12 horas, ele deu as primeiras badaladas e o povo, na igreja, entoava o Grosser Gott, wir loben dich(Deus eterno, a vós louvor). Frei Estanislau Schatte, ao notar isso na crônica do convento, acrescenta que ele mesmo entoou o canto e o dirigiu, e que, na Missa, Frei Zeno Wallbroehl tomara como tema do sermão: “Uma destas horas, anunciada por este relógio, será a tua última”.
O Sr. Rodolfo cuidou durante 52 anos do relógio, isto é, até março de 1950. Faleceu no dia 18 de aio de 1954. Durante os 52 anos, todo sábado, pelas 9 da manhã, ia a pé até a estação da Leopoldina, apanhava a hora oficial, marcava-a no seu relógio de bolso, voltava e subia a torre da igreja. Hoje é Frei Pacífico Hillesheim quem vela pelas horas no velho relógio.
As crônicas do convento e o livro do Discretório atestam, ao longo dos anos, um cuidado extremoso pela igreja. Houve reformas parciais que exigiram trabalho de pedreiros, pintores, marceneiros. Assim em 1937, a torre recebeu pintura nova. Em 1946, no momento em que se comemorava o cinquentenário da chegada dos Franciscanos e era criada a Paróquia Sagrado Coração De Jesus, se pensou seriamente na construção de uma igreja nova. A ideia não se concretizou por duas razões:1º falava-se muito na transferência do clericato: 2 º uma consulta às receitas e despesas da igreja aconselhava muita prudência. Desde que os Franciscanos assumiram a Igreja em todas as reformas a colaboração do povo nunca passou de 1/3 das despesas. E o convento não tinha, como não tem, condições de gastos grandes. A reforma do telhado, em 1951, foi paga pela Editora Vozes. Em 1956 foi reformado o altar-mor. Em 1957, a pintora alemã Alice Scheuer restaurou as pinturas, e as paredes internas receberam nova tinta. Por falta de meios, não se toco no soalho, no forro e na instalação da luz. Mas as tesouras e os caibros estavam tão comidos pelo cupim que em 1960/61 se teve de fazer uma substituição completa. Nessa mesma ocasião se ladrilhou a nave da Igreja. Mas nenhuma dessas reformas transfigurou a face interna ou externa da Igreja. Modificou- lhe todo o interior a reforma de 1966, levada a bom término pelo Guardião Frei Walter Warnke e pelo Vigário Frei Aniceto Kroker. Decidiram a reforma, entre outras, as seguintes razões: Necessidade inadiável de uma capela para a administração do Batismo; necessidade inadiável de uma sala para a transmissão radiofônica da Missa(que vinha sendo feita desde 1 º de julho de 1945, em condições precárias de nossa parte e a melhor boa-vontade da Rádio Difusora); situação alarmante de todo o forro; estado irrecuperável da pintura; impossibilidade econômica de se levantar nova Igreja; necessidade urgente de adaptar a Igreja às novas exigências litúrgicas decretadas pelo Concílio Vaticano II. Em carta de 1 º de setembro de 1965, o então Vigário Provincial, Frei Evaristo Arns, escrevia ao padre Guardião pedindo que se pusesse em prática imediatamente tudo quanto o Concílio exigia no documento Sacrosantum Concilium, e citava o n. 128 que diz: “Revejam-se quanto antes juntamente com os livros sacros, de acordo com a norma do art. 25, os cânones e os estatutos eclesiásticos que dizem respeito às coisas externas pertencentes à preparação do culto sagrado, principalmente quanto à digna e funcional construção das igrejas, à forma e edificação dos altares, à nobreza, disposição e segurança do tabernáculo eucarístico, à funcionalidade e dignidade do batistério, bem como à ordem razoável das sagradas imagens, da decoração e ornamentação. O que parecer convir menos à liturgia reformada seja emendado ou abolido; oque, porém, a favorecer seja mantido ou introduzido” (grifos nossos).
Inúmeras consultas foram feitas a arquitetos, engenheiros, decoradores, construtores e liturgistas.
Preocupação grande era o altar-mor que, de qualquer maneira, tinha de ser reconstruído para permitir a celebração versus populum e a execução digna da Missa conventual que, a partir de então, praticamente foi sempre concelebrada. O único lugar possível foi o escolhido: entre o presbitério e a mesa da comunhão em pé. O solo foi levantado para dar altura estética e funcional ao novo altar. Os dois altares laterais, de São Francisco e de Nossa Senhora de Lourdes, foram retirados e seu espaço ocupado pelo conjunto do estrado e altar central. A Imagem de São Francisco recebeu um nicho no centro da balaustrada do coro do órgão, muito visível a todos quando saem da igreja. E Nossa Senhora de Lourdes permaneceu no lugar, em nicho simplificado.
As estalas do presbitério foram substituídas. O antigo altar-mor deu espaço para degraus semi-circulares, onde ficam os Canarinhos quando cantam em atos litúrgicos. No primeiro momento se pensou em conservar o velho altar-mor, como conjunto ornamental para o tabernáculo, mas logo se viu que era liturgicamente impraticável. Preferiu-se uma capela para o Santíssimo, que passou a ser a antiga capela de Nossa Senhora das Dores, agora ornamentada com artístico painel em cerâmica. A imagem de Nossa Senhora das Dores transportou-se para um nicho especial, na parede à direita de quem entra, perto do confessionário, fazendo frente estética à capela do Batismo, que foi levantada nessa ocasião. Por cima da capela do Batismo, com entrada pelo lado de fora, se fez uma sala-estúdio, onde estão os aparelhos de transmissão. O púlpito antigo desapareceu. Aliás, já não vinha sendo usado desde a primeira instalação de microfones. Hoje as leituras e o próprio sermão são realizados no pequeno ambão, ao lado do altar central.
A capela de Santo Antônio foi remanejada, embora até hoje não esteja concluída. A instalação da luz foi toda renovada, e se penduraram grandes lustres de madeira. Todo o serviço de microfones foi refeito e melhorado, sob a orientação direta dos técnicos da Rádio Difusora. A pintura nova de todas as paredes causou algumas reclamações saudosista. As figuras e desenhos foram cobertos de massa e receberam tinta por cima. O forro recebeu nova forma e , em nova armação, foram pregadas e coladas chapas de Eucatex brancas. O coro do órgão teve nova balaustrada. Na entrada da igreja se colocaram degraus de granito. A parte baixa das paredes recebeu cerâmica, num conjunto bastante harmonioso com a cerâmica bege do estrado do altar central. O novo altar-mor, os outros altares, os novos confessionários, os novos lustres, os novos bancos do presbitério foram desenhados por Frei Eckart Hoefling e executados na marcenaria dos Irmãos Fercher. Os novos castiçais, que se apoiam diretamente no chão e não mais sobre a mesa do altar, foram executados na oficina dos Irmãos Schissler, que fizeram também o novo tabernáculo. A imagem do Coração de Jesus verdadeiramente artística e em madeira, foi parar em lugar de destaque à direita perto do altar central. O fundo ocupado até então pelo altar-mor recebeu um grande painel da Ascensão, obra do casal italiano radicado em Petrópolis, os artistas Tilde e Contardo Bonicelli (ele falecido em 1973), que também criaram os novos quadros da via-sacra que hoje estão ao longo das duas paredes principais da nave da igreja, e o painel na capela do Santíssimo. Os trabalhos, todos em cerâmica, foram inaugurados no dia 1 º de junho de 1968, sábado, vigília de Pentecostes, na Santa Missa celebrada às 19:30 por Frei Clarêncio Neotti. No sermão, aludindo à nova via sacra e ao mural da Ascensão, lembrou que o caminho da vida de cada homem se assemelha à Via-Sacra de Cristo.
“Cada um de nós carrega uma cruz. Queira ou não queira. Depende de cada um fazê-la uma cruz de salvação ou um lenho de infelicidade. Ora encontramos quem nos ajude um curto ou longo trecho (quinta estação); ora quem se achegue muito perto de nós e nos limpe a face suada (Sexta estação); ora quem nos console, quem uma conosco o próprio sofrimento e com quem podemos repartir o nosso (a oitava estação). Há momentos em que nos encontramos pela vida com pessoas que nos compreendem até o âmago de nosso ser, mas nem por isso nos conseguem libertar da cruz necessária (é a comovente quarta estação, onde Cristo se encontra com própria Mãe). Ora tombamos mesmo uma ou mais vezes no pó e na pedra no caminho e, ou nos levantamos à custa de nosso esforço, ou nos forçam a caminhar outros que, por profissão, têm o chicote na mão (terceira, sétima e nona estações). Muitas vezes somos despidos em público. Os jornais são prova disso. E não há um amigo que nos cubra, ainda que nos tenham por inocentes. Estão todos conosco quando repartimos o pão, quando curamos a filha, quando lhes prometemos felicidade. Ficamos sozinhos e pregados na cruz de uma situação injusta quando tocamos, ainda que de leve na chaga humana, causa de todos os males.
Estando todos nós nesta agrura, o Cristo se aproxima de nós como uma solução. E no altar dá-nos sua carne e seu sangue, penhor e garantia de vitória. Por isso, ao entrarmos na igreja, vemos os quadros da Via-Sacra ao longo da nave, retrato de nossa vida. E, ao chegarmos à igreja, não nos devemos iludir, deixando de fora preocupações e as realidade de cada dia de nossa condição. Tais como somos, vias-sacras ambulantes, acheguemo-nos ao Cristo vivo. E ao nos dar sua carne para comer e seu sangue para beber, ouviremos dele a mesma promessa que fez aos apóstolos na Última Ceia: “Quando vier o Advogado, que nos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, dará testemunho de mim. E também vós dareis testemunho (Jo 15,26-27). O Espírito Santo não procurará anjos nesta terra. Virá para os homens alimentados com o Corpo e o Sangue de Cristo, para nos garantir interiormente que podemos continuar o caminho. Que o sofrimento e a vida não têm valor em si mesmos. Que a via-sacra de cada um tomará sentido na ressureição, tal como aconteceu com o Senhor. E da ressureição continuamos o caminho para a meta final: a Ascensão, o encontro definitivo e permanente com a Trindade.
Inauguramos hoje a nova Via-Sacra. Inauguramos hoje o grande mural da Ascensão que Contardo e Tilda Bonicelli realizaram especialmente para o presbitério dessa igreja. E’ só na Ascensão que nossa via adquire a plenitude de sentido. E é para lá que as estações vivas de nossa via-sacra, e o próprio altar da missa, de nossa missa, da missa dos homens unidos ao Cristo, é para lá, para a Ascensão que se devem dirigir os olhares, os sentimentos, os passos, a motivação toda de tudo quanto fizermos durante a vida. A vida é uma passagem com estações. O Cristo eucarístico nos alimenta no caminho. O Espírito Santo nos dá convicção e certeza. A Ascensão é a meta onde a promessa se torna realidade no encontro e no abraço eterno do humano com o divino”
E’ claro que esta reforma radical custou caro. As entradas nas diversas campanhas ficaram muita aquém do necessário. Parte das despesas foram cobertas com a ajuda de católicos da Alemanha. Em todo o caso, a reforma, que parecia temerária, resultou numa igreja de excelente acústica, clara, agradável e piedosa e , sobretudo, funcional não só para sede da paróquia, mas para todas as funções sacras conventuais.
Em 1973, o Padre Guardião Frei Hugo Baggio mandou repintar a torre e as paredes externas da Igreja.
Neste ano, sob a guardiania de Frei Apolônio Weil, o interior da igreja foi novamente pintado. E, no momento, se refaz o jardim em frente. As velhas árvores foram derrubadas. A ladeira foi aterrada, depois de se erguer um muro que começa na altura da calçada. Em breve novas árvores ocuparão o lugar das antigas. Os caminhos que vinham da rua para a igreja sofreram pequeno desvio nas duas entradas para se evitar as corridas de automóveis que se vinham fazendo ultimamente com sério perigo para as pessoas que entravam ou saíam da igreja e do convento, E também para possibilitar a execução da planta do novo Instituto Filosófico-Teológico a ser construído no triangulo Igreja-rua Frei Rogério-rua Montecaseros. O novo prédio é inadiável pois, no momento, estudam 123 clérigos no Sagrado, dos quais 84 são da Província da Imaculada Conceição, e os demais de outras Províncias franciscanas, outras Ordens e Congregações. Pensa-se abrir o Instituto para leigos que queiram conosco estudar filosofia e/ou teologia. E particularmente para abrigar em lugar acessível a rica biblioteca do convento, dando possibilidade de consulta aos estudiosos e pesquisadores de outros institutos. Ocupa-se das obras o Irmão Def. Frei Hermenegildo Pereira.
“Preciso de um trato, de um trato do visual” dizia a Igreja do Sagrado Coração de Jesus. E foi ao salão de beleza para se conservar e produzir! Na verdade, o visual dizia respeito a seu corpo físico, ou seja, à sua sede, à igreja de tijolos, às pinturas, à iluminação, ao som, à decoração etc. A ação do tempo o desgastara. O devir cultural, eclesial e histórico o defasara. Por isso, a insatisfação com sua imagem: não se reconhecia mais.
Intuitivamente também desejava redescobrir-se jovem e bela. Beleza e juventude que significassem reencontro com seu passado, com seu hoje e com seu amanhã, ou seja, com sua vocação, com sua razão de ser. E no salão de beleza fez uma grande descoberta: à medida que retocava sua imagem despertava sua vontade de viver, redescobria sua vitalidade, sentia-se parte do Sagrado, brotava-lhe o agradecimento, rejuvenescia sua esperança! movida por uma curiosidade juvenil e como que acordando em sua autoconsciência, se perguntava: “Será que já estive aqui? Quando e o que teria eu feito?” Num surto de lucidez, também se perguntou: “O que está acontecendo comigo agora?” E, por fim, redescoberta e cheia de esperança, indagou: “como serei e o que farei daqui para frente?”
E vislumbrou a seguinte resposta: À pergunta pelos restauros de ontem, o interlocutor respondeu à Igreja do Sagrado: Não duvide! Restauros são como feijão e arroz; tem quase todo o dia! Em sentido espiritual, o Concílio Vaticano II também fez uma acertada descrição da Igreja, dizendo que ela está sempre em reforma; e mais, que ela sempre deve ser reformar. Isto quer dizer: este reformar-se abrange tanto o aspecto material, da manutenção e restauro de igreja-edifício, como, e principalmente, o aspecto espiritual, de Igreja-Comunidade de Fé. Jesus Cristo a convida sempre de novo para que, renovada pelo Espírito de amor, nele acredite e construa o reino de Deus. Com efeito, contínuos restauros, adaptações e melhoramentos foram feitos no aspecto histórico e material, como também no aspecto espiritual, ou seja, em sua missão de evangelizar ou de ser testemunha do Senhor. Os aspectos estão intimamente entrelaçados.
Vejamos o símbolo da Igreja-Comunidade do Sagrado Coração de Jesus: sua sede, a igreja. Ela foi sonhada, desejada, planejada, pedida e ganha. Um presente. Um presente singelo. Frágil à umidade do solo local. Fizeram até um canal junto à atual rua Montecaseros para recolher a água que então brotava a seus pés. Este canal formava um riacho. Também, e de modo especial, eclesial. Nisto, foi sendo enriquecida e embelezada, graças a benfeitores que ofereceram altares, imagens, pagaram pinturas e reformas. Ornaram-na com joias ou brincos, bendizendo o foco de luz que a Igreja-material representa para a missão da Igreja-pessoas.
Assim, entre os contínuos restauros, pode-se realçar os seguintes:
1. Restauros entre 1877 e 1903
Três anos após a inauguração da Igreja, em 1877, o altar-mor, o altar lateral de N.S das Dores e de Santo Antônio com as respectivas estátuas (junto às respectivas paredes), o púlpito e uma via-sacra, em quadros, puderam ser inaugurados com a presença da Família Imperial, do Internúncio Apostólico e de autoridades civis e religiosas. Em 1892, foram doados os vitrais do Sagrado Coração de Jesus e do Sagrado Coração de Maria. Em 1898, a torre foi alteada e nela instalado o relógio. Em 1903, foram colocados os dois vitrais laterais: o da ascensão do Senhor e o da glorificação de São Francisco. E, pela primeira vez, as paredes ganharam uma pintura a óleo do Pintor Vicente Del Bosco. A foto em anexo (cf. p. 19) mostra o presbitério por ocasião da inauguração, na festa da Imaculada Conceição daquele ano.
2. Restauro de 1916
Em 1916, um ano de profundas modificações: o presbitério remodelado, ganhou sua atual forma gótica e a adaptação para a oração dos frades; foram feitas as duas capelas laterais: a de N.S das Dores e a de Santo Antônio; também foram abertas as duas portas que ladeiam a porta principal de entrada da igreja. O altar de São Francisco passou a ladear o de N.S de Lourdes.
3. Restauro de 1919-1920
Dois anos inesquecíveis para o imaginário da Igreja. Neles foram executadas as pinturas nas paredes laterais, no teto, no arco central e no presbitério. Obra de Wilhelm Schumachir (sic), de Belo Horizonte. Custo, oferecido por benfeitora. No presbitério, vê-se então também a estátua de Santa Cecília e de São Vicente de Paulo – aludindo ao cultivo da música sacra e ao amor pelos pobres que o aproxima de São Francisco.
4. Restauro de 1966
Nesta data, outra intervenção que modificou profundamente o estilo e o fluxo interno da igreja. Várias foram as necessidades ou motivações que justificaram a intervenção: necessidade de um batistério e de uma sala para transmissão da missa pelo rádio, precariedade do forro e de algumas pinturas nas paredes laterais (irremediavelmente perdidas por causa da umidade), falta de recursos para se construir uma nova igreja, necessidade de se adaptar o recinto às exigências litúrgicas do Vaticano II. Quanto à intervenção a ser feita, chegou-se à conclusão de que imprimir um estilo único era preferível a algumas intervenções pontuais. Aceito o projeto de Contardo Bonicelli e as intervenções artísticas (mural da ascensão, os dois painéis da via- sacra nas laterais da igreja e o painel do batistério) de Tilde Bonicelli, foi dado início à remodelação, para contento de uns e pesar de outros.
Resgate das características populares da comunidade paroquial
Pelas iniciativas que abrigou e abriga, a Igreja do Sagrado, no decorrer de sua história, cunhou duas características: a) erudita (através de uma escola de teológica, de ensino fundamental, médio e musical, e de uma editora). b) popular (através da acolhida de manifestações religiosas provindas da experiência vital e cultura das pessoas ditas comuns).
Embora, tudo possa ser considerado como popular, pois todos somos povo, e, particularmente, povo de Deus, o que se pretende assinalar nesta segunda característica é a manifestação de simbologias do imaginário popular, presente na igreja do Sagrado Coração de Jesus. O Restauro redescobre e acentua esta característica. Faz com que muita gente se sinta representada ou perceba que sua história está sendo redescoberta. A recolocação da imagem do Sagrado Coração de Jesus em seu primitivo local é a principal indicação.
- O Sagrado Coração de Jesus
Ao Sagrado Coração de Jesus, é a dedicação da igreja. Popularmente: “A Igreja do Sagrado”!
O Sagrado remete ao Santo, à divindade, à santidade; o Coração, à humanidade, ao coração que pulsa, a um forte símbolo de vida, do amor, da atenção, do zelo, da dedicação. A simbologia do Coração de Jesus indica, pois, proximidade, encontro entre Deus e a pessoa, entre o humano e o divino, entre divino e humano. Remete à Encarnação, à linguagem divinamente humana, pois que assumida por Jesus, o Cristo, o Ungido, o Sagrado. Assim, em Jesus Cristo, Deus se faz nosso familiar e nos faz descobrir familiaridade com ele!
Intuída desde longa data e circunstância ao âmbito privado nos séculos XII a XVII, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é oficializada para toda igreja por Clemente VIII, em 1765. Em 1856, a S.C. dos Ritos fixa o calendário da festa na sexta-feira da semana seguinte a Corpus Christi e o papa Leão XIII, em 1889, se classifica-a de primeira classe.
Portanto, a dedicação da Igreja ao Sagrado Coração de Jesus chega num momento auge de sua devoção. Iconograficamente é representada, desde 1877, pela imagem do altar-mor (hoje reconduzida em nicho próprio) e, desde 1892, também pelo vitral do Sagrado.
- O Imaginário Popular
O Coração, símbolo do amor, é também e de certa forma personalizado, por um lado, representação de Cristo que se aproxima das pessoas. Por outro, sentimentos e situações das pessoas da Igreja do Sagrado Coração de Jesus foram retratados nos cenários das paredes da Igreja. Assim, sentimentos, sonhos e intuições que os adultos veem nas crianças são levados a Jesus, que delas se aproxima em atitude e gestos de acolhida: dores, aflições, choros, lágrimas ou abalos da esperança são representados pelos aflitos que se dirigem a Jesus, que, em atitude acolhida, os consola.
Momentos centrais, da vida de Jesus – o nascimento e a ressureição – também estão presentes.Com efeito, qual festa é mais querida do que o Natal do Senhor? Que festa é mais significativa do que a Ressureição? A partir de 1916 até inícios da década de 60, as paredes da Igreja Sagrado ecoaram situações e sentimentos de pessoas ali retratadas e proclamavam a boa-nova do Deus que, em Jesus Cristo, tem o coração de bom pastor.
- Maria, a mãe de Jesus e da Igreja
Num cenário de carinhoso realce da humanidade de Jesus Cristo, não poderia faltar a mãe! É óbvio na Igreja, mas para os filhos e devotos de São Francisco o é em particular; e mais ainda, para os filhos da Província da Imaculada Conceição do Brasil, rede de fraternidade a que se integra a do Sagrado.
Na Igreja do Sagrado, a devoção mariana está representada pelo vitral do Sagrado Coração de Maria, que desde 1892 ladeia o Sagrado Coração De Jesus, pelo altar lateral dedicado a N.S de Lourdes (“eu sou a Imaculada Conceição”), pela Congregação Mariana da Anunciação e pelo movimento mariano que, sob a liderança de Frei João José Pedreira de Castro e expressivo apoio popular, erigiu o conhecido Trono de Fátima, na homônima colina.
- Nossa Senhora das Dores
Além da representação de Nossa Senhora de Fátima, que convida à conversão e à recitação do terço, de N.S de Lourdes, e do Sagrado Coração de Maria, que assinala a humanidade da mãe do Senhor e seu “sim” aos desígnios de Deus, numa de suas capelas laterais, Igreja do Sagrado expressa, através de Maria, um aspecto fundamental da vida dos seus frequentadores.
A capela é dedica a N.S de Dores, com uma cena pictórica alusiva à presença de Maria, tendo nos braços o Senhor morto, motivo que na tradição da arte sacra ficou conhecido como pieta. A dor de Maria é também a dor das pessoas: a dor das pessoas é representada na dor de Maria. Dor de mãe, dor de Deus pela rejeição do Salvador. Cenas patéticas, mas que buscam redenção na sabedoria da cruz-sabedoria de quem lá está por amor.
- Santo Antônio
Em frente à capela de N.S das Dores, a capela do popular Santo Antônio da familiaridade com Jesus e Maria, do pão dos pobres, do Santíssimo Sacramento, da pregação aos peixes, da bênção, dos enfermos. Íntimo de Deus e confrade de São Francisco! É o santo próximo das pessoas, que expressa a esperança dos enfermos, que lida com situações sociais de miséria e pobreza, que manifesta sua fé na presença do Senhor no SS. Sacramento, que convida toda a natureza para louvar o Criador; é o santo benevolente, casamenteiro, das coisas perdidas, que intercede a bênção de Deus em favor de todos e em todas as circunstancias pessoais e sociais.
Assim, todas as terças-feiras, na Igreja do Sagrado, é dia de renovada devoção, do pão de Santo Antônio, da bênção de Santo Antônio.
- Consagração Religiosa e ministério eclesiais
Além de batizados, missas, confissões, crismas, casamentos, jubileus, oração pelos falecidos -como toda igreja -, a Igreja do Sagrado também testemunhou, no decorrer de sua história, a decisão de muitos jovens franciscanos de se consagrarem a Deus e também de assumirem ministérios eclesiais ordenados, em favor da própria Igreja e de todas as pessoas. Sempre houve intercâmbio entre a formação franciscana e teológica e a Igreja do Sagrado, enquanto parte da Igreja católica como um todo. Este intercâmbio ou mesmo esta profunda relação e compromisso manifesta-se no ter sido e ainda ser ela cenário de renovação de votos, de profissão de votos perpétuos, de assunção do ministério do diaconado, presbiterado e episcopal.
Discípulos e missionários de Jesus Cristo, nesta escola e nesta missão, frades e fieis também aprendem uns dos outros e juntos agradecem o dom de Deus. Os altares laterais e frontais à nave, dedicados respectivamente a São Francisco e a N.S de Lourdes (A Imaculada), no conjunto das cenas acima lembradas bem indicam esta interação entre Fraternidade Franciscana e povo de Deus.
O PROJETO DO RESTAURO
Há tempo, estava na boca das pessoas e era evidente a necessidade de uma intervenção restauradora no decaído estado em que se encontrava a igreja do Sagrado. Frei Vitalino Turcato, antecessor de Frei Piaia, já tinha esboçado um plano de recuperação, modesto em comparação ao presente. Não pôde, porém, ir além do plano. Embora não tenha sido o aperfeiçoamento daquele, o atual projeto também não caiu do céu. Tampouco foi concebido por Frei Piaia, como não proveio dos frades. Antes, é um projeto original; tem uma nascente específica.
Esta nascente partiu da ideia de Frei Piaia de contar com a colaboração de todos os interessados, amigos e ou paroquianos da Paróquia do Sagrado Coração De Jesus. A ideia ganhou forma através de um convite, extensivo a todos os interessados e repetido em reuniões paroquiais e nas missas, para participar de um seminário, que poderia ter a duração de um semestre, o primeiro de 2001, sob título: Liturgia e Arte Sacra. O objetivo primeiro e último: chegar a um projeto de restauro da Igreja do Sagrado.
Generosa foi a resposta. Cerca de 50 pessoas participaram, semanalmente, de inícios de março a final de maio; algumas, assiduamente, outras mais esporadicamente, segundo as possibilidades ou a necessidade. Várias pessoas de destaque colaboram para elucidar a temática e deram sugestões concretas em vista de um projeto de restauro. Entre elas é grato lembrar os nomes de Cláudio Pastro (conhecido nacional e internacionalmente por seus trabalhos de arquitetura sacra decoração), Cláudio Forte Maiolino, Lorenz Johannes Heilmair, Frei Alberto Beckhauser, Frei José Ariovaldo Da Silva, Frei Antônio Michels, Frei Antonio Moser, Irmã Vera Loss, Frei Ludovico Garmus, Frei Ivo Muller, Frei Simão Voigt, entre outros.
No final de maio, animado, Frei Piaia tinha mãos um projeto audacioso e detalhado, cujas principais coordenadas eram estas: Resgate da história da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, expressa em todos os detalhes de sua sede, resgate da centralidade da dedicação original ao Sagrado Coração de Jesus, reencontro com a tradição popular, ousadia para manter funcionalidade, beleza, inspiração religiosa e inovação – se oportuna e necessária. Mais ainda: O pároco tinha em mãos um projeto, fruto de muitas cabeças pensantes, de muitas contribuições, um projeto comunitário, dos interessados na restauração da Igreja do Sagrado. Um projeto participado, com carimbo de confiabilidade, traçado pela comunidade viva e destinado, sobretudo, a reavivá-la.
A EXECUÇÃO DE PROJETO
Sendo evidente a necessidade de reparo e com as diretrizes gerais em mãos, o desafio, agora, didaticamente falando, era o de encontrar alguém (alguma empresa) que, com supervisão do IPHAN, pudesse fazer um diagnóstico preciso das necessidade e apresentar um projeto de execução.
Convidou-se a firma Albatroz Arquitetura, Construção e Restauro, de Curitiba, para fazer o diagnóstico e apresentar um projeto de Restauro. Apreciados diagnóstico e projeto de execução, confiou-se os trabalhos à referida firma, conduzida por seu proprietário e arquiteto, Sr.Cláudio Forte Maiolino, auxiliado pelo arquiteto Dirceu Contti, Natalia Cabrita e pela especialista em restauro de obras de arte, Nancy Valente, e por um corpo próprio de funcionários, além de outros, de Petrópolis.
75 ANOS DA INSTAÇÃO DA PARÓQUIA DO SAGRADO E 125 ANOS DE PRESENÇA FRANCISCANA
“Celebrar o jubileu é uma oportunidade de voltar às origens, voltar àquilo que é essencial, fazer a experiência da libertação de Deus e de invocar a sua misericórdia”. Foi com essas palavras que o guardião e pároco, Frei Jorge Paulo Schiavini, declarou aberta as celebrações do Jubileu de 75 anos de criação da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e dos 125 anos da chegada dos primeiros frades franciscanos a Petrópolis (RJ) no dia 9 de fevereiro de 2021. A Celebração Eucarística, presidida por Frei Jorge, foi concelebrada pelo mestre do Tempo da Teologia, Frei Marcos Andrade, e pelo vigário paroquial, Frei José Ariovaldo da Silva. O ano jubilar vai se estender até 9 de fevereiro de 2022.
Obedecendo as normas sanitárias, a Santa Missa foi transmitida ao vivo pelo Facebook da Paróquia do Sagrado e contou também com a presença de fiéis, paroquianos, lideranças de movimentos e pastorais que lotaram a Igreja do Sagrado.
Frei Jorge iniciou sua homilia explicando que a experiência de se celebrar um jubileu tem suas origens na Sagrada Escritura, sobretudo no livro do Levítico, onde se lê que a cada 50 anos, ‘no dia da expiação’(Lv 25,9), quando a misericórdia do Senhor era invocada sobre todo o povo, o som da trombeta anunciava um grande acontecimento de libertação: ‘Será para vocês um ano de júbilo’ (Lv 25,10), citou o celebrante.
Segundo o frade, o ano jubilar é um tempo forte na fé. “Celebraremos alguns momentos fortes para render graças a Deus pelo caminho de fé já trilhado e para nos dispormos mais uma vez à inspiração divina na missão atual da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no estilo de São Francisco de Assis”, explicou.
Frei Jorge fez um resgate histórico e lembrou da celebração do cinquentenário da chegada dos franciscanos a Petrópolis. Recordou que, na ocasião, realizou-se uma campanha durante o mês de janeiro de “cinquenta mil comunhões”, para que um grande número de pessoas participasse da eucaristia. “Nós planejamos uma programação espiritual um pouco diferente, mas com um objetivo parecido: mensalmente, na primeira sexta-feira do mês, celebraremos a ‘Missa de Ação de Graças pelo Jubileu’”, adiantou.
“Que o exemplo de fé e desapego dos missionários franciscanos, que deixaram sua terra Natal para servir o povo de Petrópolis, possa fortalecer nossa fé e aumentar nossa disposição de servir a Deus e aos irmãos com generosidade de coração! Rendamos graças a Deus pelos 125 anos de presença dos filhos de São Francisco nesta acolhedora cidade de Petrópolis, que nos tem acompanhado durante tanto tempo e nos deu a graça de aqui colhermos tantos frutos”, disse. “Dentre os mais variados benefícios que recebemos, contamos com a confiança e a amizade de tantas pessoas e famílias que conosco vivem a fé neste lugar abençoado que é a cidade de Petrópolis”, destacou.
Para Frei Jorge, ao rememorar a história do início da Paróquia do Sagrado, recorda-se a ação de Deus na vida de tantas pessoas que sonharam e trabalharam pelo Reino de Deus: “Que neste ano possamos recordar a história dos Franciscanos em Petrópolis e da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus nas várias atividades programadas e em nossas conversas com muitos que fazem parte dessa história e continuam a escrevê-la nos dias de hoje. Rendamos graças a Deus por tantos homens e mulheres que foram pedras vivas do edifício espiritual que é a Igreja, construída sobre o fundamento que é o próprio Jesus Cristo”.
PROGRAMAÇÃO
Várias atividades estão sendo realizadas para a celebração destas duas datas comemorativas. Mensalmente, sempre na 1ª sexta-feira do mês uma missa de Ação de Graças pelo Ano Jubilar celebra este tempo forte na fé. Prevê-se também a realização da “Exposição Virtual de fotos de Batismos, Ordenações e de Casamentos”, realizados na Igreja do Sagrado. Além disso, o cronograma prevê a produção de vídeos sobre a história da Paróquia e da presença franciscana em Petrópolis; o resgate da história das comunidades, pastorais, movimentos e serviços por meio de texto e imagens e o resgate de acontecimentos históricos e personalidades que fizeram parte dessa história, já estão presentes neste site, como uma ação concreta do Jubileu.
“Celebremos no Ano Jubilar a história de fé dos que nos antecederam, para que com a graça de Deus possamos viver e anunciar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo com intensidade e alegria”, declarou Frei Jorge!