canarinhos_JPG

“Concerto por Petrópolis” terá renda revertida para os desabrigados da tragédia

Petrópolis (RJ) – A Fundação Nacional de Artes (Funarte) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizam no próximo sábado (19/03), às 19h, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, o “Concerto por Petrópolis”, cuja renda reverterá para as famílias desabrigadas pelos deslizamentos do dia 15 de fevereiro, em Petrópolis, região serrana do estado do Rio de Janeiro. A iniciativa faz parte do programa Arte de Toda Gente.

O Concerto contará com a participação especial do Coral dos Canarinhos e Coral das Meninas dos Canarinhos, que apresentarão a música “Ave Verum Corpus”, de Mozart, sob a regência de seu experiente maestro titular, Marco Aurélio Lischt.

Ao final do Concerto, as doações serão recebidas de forma espontânea, através de envelopes que estarão na entrada da Igreja. As contribuições serão destinadas à Paróquia de Santo Antônio do Morro da Oficina. Para as instituições organizadoras, somente a arte consegue amenizar o sentimento de luto dos petropolitanos, vítimas da tragédia no município.

PROGRAMA INSPIRADO EM GRANDES COMPOSITORES DE PETRÓPOLIS

Os concertos serão executados pela Orquestra Sinfônica da UFRJ, sob o comando do maestro Felipe Prazeres. O programa é formado por obras de compositores que se relacionam com a cidade de Petrópolis. Um deles é o compositor César Guerra-Peixe, nascido na cidade em 1914. Nome dos mais conhecidos e reconhecidos da música brasileira, Guerra-Peixe foi aluno da Escola de Música Santa Cecília. Suas obras orquestrais são executadas constantemente no Brasil e no exterior. Ele homenageou sua cidade natal com a obra Petrópolis de minha infância, composta em 1976, que o público terá oportunidade de conhecer.

Discípulo de Guerra-Peixe e com histórico familiar ligado à Escola de Música Santa Cecília, Ernani Aguiar é atualmente um dos mais consagrados compositores brasileiros. De sua autoria, será tocada a obra Instantes II, presente em uma série de peças para orquestra de cordas.

O pianista, regente e compositor Octávio Maul, também nascido em Petrópolis, em 1901, teve importante atuação na cidade, onde fundou, com a pianista Alcina Navarro, o Instituto Musical de Petrópolis. Foi professor do Instituto Nacional de Música e, como compositor, deixou várias obras, dentre elas “Improviso para Cordas”, que será executado no concerto.

Orquestra Sinfonica da UFRJ com Felipe Prazeres. Foto: Gusbomfim

Embora natural do Ceará, Alberto Nepomuceno, diretor do Instituto Nacional de Música, subia com frequência do Rio para Petrópolis. Uma de suas obras mais conhecidas e executadas, a “Serenata para Cordas”, foi composta e estreada na cidade, em concerto realizado em 29 de fevereiro de 1902, no Clube dos Diários Associados.

Outro compositor que, assim como Nepomuceno, foi diretor do Instituto Nacional de Música, é Henrique Oswald, que recebeu bolsa do Imperador D. Pedro II durante o período em que viveu na cidade de Florença, na Itália. Ao retornar ao Brasil, adquiriu uma casa em Petrópolis, onde passou longas temporadas e compôs várias obras. Sua composição Romanza para Cordas, obra de seu período europeu, composta em 1898, faz parte do programa que será apresentado.

TRADIÇÃO MUSICAL

Fundada em 16 de março de 1848, por iniciativa do Imperador Pedro II, Petrópolis desenvolveu ao longo de sua história uma importante tradição musical, reunindo instituições, cantores, instrumentistas e compositores que se tornaram conhecidos no Brasil e no mundo. Destaque para a Escola de Música Santa Cecília, fundada pelo maestro Paulo Carneiro, em 1923; o Instituto dos Meninos Cantores, que abriga o famoso Coral dos Canarinhos de Petrópolis; e a Sociedade Artística Villa-Lobos, fundada em 1970 pela professora Maria de Lourdes Tornaghi, a violinista Mariuccia Iacovino e o pianista Arnaldo Estrella.

Atividades artísticas também importantes continuam sendo desenvolvidas em outras instituições como a Universidade Católica, o Centro de Cultura que, por muitos anos, foi a casa do Coral Municipal de Petrópolis, e os teatros Santa Cecília e D. Pedro.

A Funarte ressaltou que a importância das atividades musicais de Petrópolis se reflete também na quantidade de instrumentistas nascidos na cidade que fazem parte hoje dos quadros das mais importantes orquestras brasileiras, e de cantores que participam de temporadas líricas de teatros do Brasil e do exterior. Entre os artistas da música nascidos em Petrópolis, foram citadas as cantoras Vera Janacópulos (1892-1955), Maria de Sá Earp (1909-1989) e a pianista Magdalena Tagliaferro (1893-1986), além dos homenageados da noite, como os compositores Octávio Maul (1901-1974) e César Guerra-Peixe (1914-1993) e o cantor e professor da UFRJ Marcelo Coutinho.

Frei Augusto Luiz Gabriel, com informações de Agência Brasil

Notícias Relacionadas

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email
Print