Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo
Petrópolis (RJ) – “Uma vez que a Profissão Solene é a celebração dos que se entregam de todo o coração, existe uma fraternidade que, de coração aberto, os acolhe”. Não poderia ser mais animadora e fraternal a acolhida feita pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, aos sete jovens – Frei André dos Santos Sungo Mingas, Frei Honorato Salvador Gaspar Gabriel, Frei José João Ganga, Frei Miguel Tchiteculo Tchindjombo Filipe, Frei Felipe Medeiros Carretta, Frei Jonas Ribeiro da Silva e Frei Thiago da Silva Soares – que ingressaram definitivamente na Ordem dos Frades Menores neste sábado, 13 de novembro, durante a Celebração Eucarística na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis (RJ).
“Hoje, todos nos alegramos como Igreja e, mais ainda, como Ordem Franciscana! Por isso, benignamente os acolhemos. Os acolhemos como irmãos dados pelo Senhor para, juntos e definitivamente, na riqueza da diversidade pessoal, construir os sonhos idealizados e concretizados por Francisco de Assis, e que em breve renovaremos na celebração do nosso Capítulo Provincial: ‘Juntos que se constroem os sonhos – Fraternidade contemplativa em Missão’”, incentivou Frei Fidêncio.
A PROFISSÃO NAS MÃOS DO MINISTRO PROVINCIAL
A Igreja do Sagrado, que ainda segue as normas sanitárias para o distanciamento, teve todos os espaços tomados para ver o sim definitivo dos professandos. Além dos concelebrantes, Frei Jorge Paulo Schiavini, guardião da Fraternidade do Sagrado, e de Frei André Luiz Henriques, conselheiro da Fundação Imaculada Mãe de Deus, frades de toda a Província se juntaram aos parentes, amigos e ao povo em geral para celebrar este momento histórico na vida do frade menor.
A Celebração Eucarística ganhou mais beleza e solenidade com a volta do Coral dos Canarinhos, sob a batuta do maestro Marco Aurélio Lischt.
O rito da profissão solene começou depois da liturgia da Palavra. O mestre para o tempo de Teologia, Frei Marcos Antônio de Andrade, chamou cada um dos professandos pelo nome. Em pé, diante do Ministro Provincial, eles responderam: “Aqui estou!”. O mestre, então, fez um breve resumo da vida de cada professando. Depois, juntos, eles fizeram o pedido para serem admitidos definitivamente na Ordem dos Frades Menores, “para o louvor de Deus e serviço da Igreja”. “Dou graças, Senhor, por teu grande amor”, entoou a assembleia.
Na sua reflexão, Frei Fidêncio lembrou do lema escolhido pelos professandos como “uma das mais belas recordações que São Francisco de Assis nos transmitiu no final da vida” através do seu Testamento: “E depois que o Senhor me deu irmãos ninguém me mostrou o que deveria fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu devia viver segundo a forma do santo Evangelho”.
Segundo o Ministro Provincial, Francisco recorda a origem da fraternidade evangélica como um dom divino: “o Senhor me deu irmãos” para juntos “viver segundo a forma do santo Evangelho”.
“Esta celebração festiva da Profissão Solene não só recorda a origem da nossa fraternidade evangélica, como também a atualiza no momento em que cada um dos professandos proclama: ‘Eu Frei (André, Filipe, Honorato, Jonas, José João, Miguel, Thiago) tendo o Senhor me dado a graça de seguir mais de perto o Evangelho e os passos de nosso Senhor Jesus Cristo…. faço voto a Deus de viver por todo o tempo da minha vida… Entrego-me pois, de todo o coração a esta fraternidade’”, explicou.
Frei Fidêncio enfatizou a alegria da Igreja e da Ordem Franciscana por este momento. “Por isso, benignamente os acolhemos. Os acolhemos como irmãos dados pelo Senhor para, juntos e definitivamente, na riqueza da diversidade pessoal, construir os sonhos idealizados e concretizados por Francisco de Assis, e que em breve renovaremos na celebração do nosso Capítulo Provincial: ‘Juntos que se constroem os sonhos – Fraternidade contemplativa em Missão’”, recordou.
Frei Fidêncio lembrou que a fórmula da profissão termina dizendo: “Que eu possa tender constantemente para a perfeita caridade, no serviço a Deus, à Igreja e aos homens”. O Ministro Provincial perguntou, então, como se dá este serviço? A resposta tirou de cada leitura da liturgia deste domingo.
A primeira orientação é da leitura do profeta Daniel: “Ser por vocação cristã/franciscana mensageiros de esperança no mundo de hoje. Brilhar como homens virtuosos que resgatam a vida no ‘pó da terra’. Para isso fomos chamados, nos recorda São Francisco na Carta a Toda Ordem, ‘para irmos pelo mundo universo e darmos testemunho de suas palavras e obras’”.
Frei Fidêncio ilustrou com a mensagem que o Papa Francisco enviou aos frades reunidos no Capítulo Geral em julho passado: “Na raiz da espiritualidade Franciscana está este encontro com os últimos, os sofredores, no sinal do ‘fazer misericórdia…’. É a missão de vocês, queridos professandos, serem profetas da esperança”, exortou.
A segunda orientação tirou da Carta aos Hebreus: Ser por vocação franciscana uma oferenda de santidade e da graça de Deus. “Não mais nos pertencemos a nós, mas a Deus: ‘Entrego-me de todo o coração’. E somos verdadeiramente oferenda de santidade quando damos credibilidade à nossa identidade franciscana. Disse-nos o Papa Francisco: ‘Desta experiência concreta de encontro com o próximo e com suas feridas, pode nascer uma energia renovada para olhar para o futuro como irmãos e menores, como vós sois, segundo o belo nome de ‘frades menores’, que são Francisco escolheu para si e para vós”, ressaltou Frei Fidêncio.
A terceira orientação tirou do evangelista São Marcos, que, segundo o Ministro Provincial, recorda “sermos por vocação franciscana peregrinos de Deus, atento aos sinais dos tempos, da mesma forma como Jesus pediu aos discípulos a vigilância e a atenção aos sinais que anunciam a nova realidade do Reino de Deus”, disse, recordando que a peregrinação de Francisco tinha dois objetivos certos: sabia dividir diligentemente o seu tempo no “subir até Deus e no descer até os homens”(LM).
Aproximando do final de sua reflexão, indicou aos professandos, como peregrinos e atentos aos sinais dos tempos, as interpelações do Papa Francisco:
– Como peregrinos, devemos ir ao encontro dos homens e das mulheres que sofrem na alma e no corpo para oferecer vossa presença humilde e fraterna…
– Como peregrinos, devemos ir rumo a uma criação ferida, a nossa casa comum, que sofre por causa de uma exploração distorcida dos bens da terra….
– Como peregrinos, devemos ir, como homens do diálogo, construindo pontes em vez de muros, oferecendo o dom da fraternidade e da amizade,
– Como peregrinos, devemos ir como homens de paz e reconciliação, convidando aqueles que semeiam o ódio à conversão do coração.
Frei Fidêncio concluiu sua homilia deixando um belo alento a esses jovens frades: “Nunca se esqueçam que vocês fizeram esta profissão na véspera do Dia Mundial dos Pobres. Ontem, em Assis, o Papa nos recordava: ‘É hora de a palavra ser devolvida aos pobres, porque por muito tempo seus pedidos não foram ouvidos’”.
Em seguida à homilia, parentes e amigos se aproximaram da pia batismal, onde está o Círio Pascal, acenderam uma vela e entregaram aos professandos para recordar a vocação batismal que neles está se desabrochando como vocação religiosa franciscana. Através de um interrogatório, Frei Fidêncio perguntou aos professandos pelas motivações que eles trouxeram ao pedir a admissão definitiva na Ordem dos Frades Menores.
Na sequência, o comentarista Frei Edrian Josué Pasini convidou a todos para fazer a súplica comunitária, pedindo a intercessão da Igreja celeste, através da Ladainha de todos os Santos. Num gesto de entrega e despojamento, os professandos se prostram ao chão e a assembleia acompanhou em pé este momento de fé.
Terminada a Ladainha, cada um dos professandos ficou de joelhos diante do Ministro Provincial, colocou as suas mãos nas mãos do Ministro, num gesto de entrega, de obediência, e leu a fórmula de profissão definitiva na Ordem dos Frades Menores.
Continuando, de joelhos, os frades receberam a bênção do Ministro Provincial. O rito terminou com os abraços dos celebrantes aos neoprofessos. Frei Fidêncio, então, pediu a eles que se voltassem para a assembleia para receber uma salva de palmas. O povo pôde abraçá-los no final da celebração.
A liturgia continuou solenemente até o final da comunhão. Frei Jonas fez os agradecimentos em nome do grupo ao Ministro Provincial, à Fraternidade, aos formandos, aos confrades e aos familiares. “Gratidão é a palavra de hoje”, enfatizou, citando o Coral dos Canarinhos e a presença fraterna de cada um dos paroquianos do Sagrado.
Frei Fidêncio convidou Frei André, conselheiro da Fundação Imaculada Mãe de Deus, para falar em nome do presidente Frei António Baza, que não pôde chegar a tempo para a celebração. Frei Jorge disse que o sim desses jovens frades revigora a vocação de todos.
No final, o Ministro Provincial agradeceu a Frei André e ao Coral dos Canarinhos: “Sagrado sem os Canarinhos não é Sagrado”, disse, dando em seguida a bênção final.