Frei Antônio Moser

*29-08-1939   +09-03-2016

Frei Antônio foi professor no Convento do Sagrado por 20 anos, e, por mais 20, no Instituto Teológico Franciscano, junto à Fraternidade São Francisco, de Petrópolis. Tinha muitos talentos. Segundo alguns confrades e outras pessoas conhecidas, Frei Antônio “tocava inúmeros instrumentos”, em diversificadas áreas. Escreveu muitos artigos e 27 livros. Era conferencista, assessor em Teologia Moral, falava em programas de TV, era construtor e administrador.
Na sua ficha autobiográfica lê-se: “Apesar de parecer apressado, na realidade me considero eficiente, incapaz de enrolações. Não gosto de conversa mole. Tenho grande facilidade de escrever, de articular o pensamento, mesmo quando falo livremente ou tenho que escrever um artigo em pouco tempo. Tenho o pensamento aberto às novas ideias, sem, contudo, perder o fio da meada em relação ao que é doutrinário. No mais, o que não sinto é preguiça… estou sempre em atividade… Sei me impor quando quero, mas, por outro lado não me sinto orgulhoso, pois conheço minhas limitações e atribuo os meus talentos à bondade de Deus”.

Extremamente ativo, Frei Moser conciliava várias funções, como diretor-presidente da Vozes, professor do ITF, pároco de Santa Clara, membro da Comissão de Bioética da CNBB, coordenador do Comitê de Pesquisa em Ética da UCP, conferencista, coordenador do projeto social Terra Santa e escritor. Para ele, contudo, isso não era problema: “Diria que é muito simples. Descobri que o sacerdote, o teólogo, o empresário não devem fazer nada sozinhos. Devem contar com pessoas certas para os lugares certos. Ou seja, você administra pessoas e não uma máquina. Por exemplo, construí uma paróquia e formei 16 comunidades de fé, sendo que algumas igrejas comportam de 300 a 400 pessoas. Então, como se faz? Montei esta paróquia e apareço lá uma vez ou outra durante a semana, além dos domingos, naturalmente. O padre bom é aquele que dá uma diretriz e deixa o povo trabalhar. Você deve ser uma espécie de ícone, referência, mas não é quem vai fazer tudo. Por exemplo, na Editora Vozes – cito ela porque trabalhamos lá – conseguimos montar uma equipe que funciona com ou sem a presença minha e do Frei Volney Berkenbrock. E muito bem. Agora, no Centro Educacional Terra Santa, o Sr. Reinaldo Cruz, e mais uma equipe administrativa me ajudaram a elaborar todo o projeto e agora vão tocando com ou sem a minha presença. No que se refere aos sócios, todos confrades, iremos fazer umas duas reuniões anuais. O segredo é não querer fazer tudo sozinho, mas encaminhar”, dizia numa entrevista ao nosso site.

Dados pessoais, formação e atividades

  • Nascimento: 29.081939 (76 anos de idade), em Gaspar – SC;
  • Admissão ao Noviciado: 19.12.1959, em Rodeio, SC;
  • Primeira Profissão: 20.12.1960 (55 anos de Vida Franciscana);
  • Profissão Solene: 01.02.1964;
  • Ordenação Presbiteral: 15.12.1965 (50 anos de Sacerdócio);
  • 1961-1962 – Curitiba – Estudos de Filosofia;
  • 1963-1966 – Petrópolis – Estudos de Teologia;
  • 02.02.1967 – Luzerna – professor do seminário;
  • 28.01.1968 – Petrópolis;
  • Agosto 1968 – Lyon, França – mestrado em Teologia;
  • Setembro 1969 – Roma – doutorou-se em Teologia Moral em dezembro de 1972;
  • 02.12.1972 – volta ao Brasil;
  • 29.11.1972 – Petrópolis – professor de Teologia Moral;
  • Novembro 1991 – eleito Definidor Provincial;
  • 30.08.1996 – coord. da Fraternidade São Vicente, professor, diretor do IDE, e redator da revista SEDOC.
  • 01.12.1997 – Petrópolis – São Francisco – guardião (no capítulo provincial de 1997 foi mudada a denominação de São Vicente para São Francisco de Assis); nomeado membro do Conselho de Assessoria ao Definitório e às Entidades do Departamento de Educação e Comunicação.
  • 23.12.1998 – diretor presidente da Editora Vozes;
  • 22.11.2000 – coordenador da comissão executiva do novo ITF;
  • 07.11.2003 – deixa de ser guardião;
  • 17.12.2009 – diretor do Centro Educacional Terra Santa;
  • 25.02.2016 – membro do conselho administrativo da Província

Interessante é ouvir o que Frei Antônio fala de sua vida espiritual: “Acho que minha espiritualidade é algo que nem todo mundo percebe. Acho até que a maioria dos meus confrades não percebe que tenho uma espiritualidade intensa, embora seja oculta como um tesouro. Não tenho nada de pietismo. Pareço frio. Não é verdade. Desde adolescente sempre tive e continuo tendo Deus presente em minha vida… em todos os momentos. À vezes, brigo com ele, como Jacó ou como São Paulo…”.

Frei Moser, que se doutorou em Teologia, com especialização em Moral, na Academia Alfonsianum – Roma, além de diretor da Vozes, era professor de Teologia Moral e Bioética no Instituto Teológico Franciscano (ITF), em Petrópolis (RJ); pároco da Igreja de Santa Clara de Petrópolis; diretor do Centro Educacional Terra Santa, além de conferencista no Brasil e no exterior. Tem livros traduzidos para outras línguas (Teologia Moral impasses e alternativas; O enigma da esfinge, a sexualidade; Biotecnologia e Bioética: para onde vamos?; Ecologia: desafios éticos). Durante nove anos participou do programa semanal “Em pauta” na Canção Nova.

No ano de 2015, em outubro, ele foi o único teólogo brasileiro nomeado para o Sínodo da Família. Ainda nos dias 12 e 13 de dezembro, Frei Moser celebrou na sua cidade natal, Gaspar, o jubileu de 50 anos de vida sacerdotal. Oficialmente, Frei Moser completou 50 anos de vida sacerdotal no dia 15 de dezembro.

O momento solene dessas comemorações foi a Celebração Eucarística no domingo, às 10 horas. O então pároco Frei Germano Guesser fez a acolhida e apresentou o seu confrade que nasceu no bairro de Gaspar Grande em 29 de agosto de 1939, fruto da união de Elisabeth e Angelo Moser. “Ele vestiu o hábito franciscano em 19 de dezembro de 1959 e foi ordenado sacerdote no dia 15 de dezembro de 1965, portanto ele está celebrando aqui, conosco, 50 anos de sacerdócio”, frisou. “Frei Moser, hoje, é considerado um dos teólogos mais importantes do mundo, podemos dizer assim, tendo em vista que ele foi o único teólogo brasileiro a ser nomeado pelo Papa Francisco para participar do Sínodo da Família, encerrado em outubro último. Ele participou deste importante acontecimento da Igreja atual ao lado de dois cardeais, 4 bispos e quatro leigos do Brasil. Sem dúvida, um dos momentos que marcará, se já não marcou, a sua vida sacerdotal e religiosa”, elogiava Frei Germano.

“Frei Moser é assim: esbanja vitalidade e, para ele, não tem tempo ruim. Tanto que ele é também pároco da Paróquia de Santa Clara, em Petrópolis, que fica próxima do Instituto Teológico e diretor do Centro Educacional Terra Santa, uma entidade assistencial que atende crianças e jovens carentes em Petrópolis. Ainda sobra tempo para ele ser um conferencista no Brasil e no exterior…”, emendou.
Quando lançou o seu 26º livro, “Colhendo Flores entre Espinhos – Ciência e atitudes pessoais garantindo um envelhecimento com qualidade”, numa entrevista ao site “Franciscanos”, falou sobre a morte. “Minha sobrinha Ana Maria, coautora, achou o capítulo sobre a morte o melhor do livro. Você vai ao encontro da luz, da plenitude, que nunca vai ter nesta terra. É a direção para novos horizontes que vão se abrir na eternidade. Hoje, realmente, não tenho medo da morte.

Diria que o medo da morte é uma patologia que a sociedade alimenta e que, do ponto de vista cristão, nunca foi uma virtude ter medo da morte. É verdade que Jesus diz: ‘Pai, Pai, afasta de mim esse cálice!’. Mas não era por medo da morte e, sim, o de não ter forças para cumprir a missão até o fim. Agora, veja, esse medo da morte não é cristão. Os mártires iam bravamente para a arena, na perspectiva de fé. O mundo incute o medo da morte porque é materialista, não tem uma dimensão de transcendência. No fundo, apregoa ilusões como a riqueza, o poder. E diria também que é uma questão de tempo. Compreendo que um jovem normalmente tenha medo da morte, mas o bem jovem não tem. Até pelo contrário, se arrisca demais. Mas quando tem responsabilidades, filhos para criar, a perspectiva muda. Eu tive medo da morte até à morte de minha mãe. No dia em que ela morreu, acabou. Eu era filho único do segundo casamento. Tinha uma irmãzinha, mas morreu pequena. Suava com medo que minha mãe ficasse sozinha. No dia do enterro, acabou. Já não sinto mais suor nas mãos quando pego avião!”, dizia Frei Moser.

FONTE: franciscanos.org.br

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