Frei Augusto Luiz Gabriel
Petrópolis (RJ) – “Do seu lado ferido saiu sangue e água para que sejamos homens e mulheres novos, para que a nossa vida, nossos gestos e os nossos pensamentos sejam humanos”. Foi com essas palavras que Dom Gregório Paixão, OSB, bispo da Diocese de Petrópolis (RJ), deu a tônica da Celebração Eucarística da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus na Igreja dos frades franciscanos de Petrópolis, que tem como titular o Sagrado Coração, nesta sexta-feira, às 18 horas.
A missa foi concelebrada por Frei Jorge Paulo Schiavini, pároco e guardião, Frei Jorge Ariovaldo da Silva e Frei Ivo Müller, vigários paroquiais. Lideranças de movimentos e pastorais também marcaram presença na celebração que foi transmitida pelas plataformas digitais da Paróquia do Sagrado, Rádio Imperial e da Diocese de Petrópolis. O coral dos frades do Tempo da Teologia animou a celebração com a entoação de cânticos, sob a regência do mestre, Frei Marcos Antônio de Andrade. Também serviram a celebração como turiferário e naveteiro.
CORAÇÃO DE JESUS: PARAÍSO DE HUMANIDADE
Dom Gregório recuou na história para dar início a sua homilia e discorrer sobre o coração de Jesus. Segundo ele, o coração de Jesus se manifestou em um determinado tempo e continua se manifestando nos dias atuais. Explicou que o livro do Gênesis, apresenta Deus criando um paraíso onde Ele próprio quis passear. “A beleza daquilo que Deus criou é o coração humano”, disse. Fez menção a Adão e Eva, ressaltando a livre escolha que tiveram entre escolher o bem e o mal. Frisou que a serpente picou a humanidade e colocou no sangue ‘algo chamado desumanidade’. Segundo o bispo, foi por isso que o homem e a mulher ficaram escondidos com medo de Deus. “Mas nem por isso Deus desistiu da humanidade. É um pai que olha para os seus filhos com amor de eternidade”, contextualizou. E acrescentou: “Deus pede única e exclusivamente que nós resgatemos o paraíso que é o nosso coração, porque Deus deseja continuar passeando conosco”.
Dom Gregório, explicou ainda que a obra da serpente se tornou visível no momento da crucifixão de Jesus. Para ele, Jesus deixou-se crucificar para que todos pudessem entender o que Deus é capaz de fazer por amor. “A lança perfurou o seu lado, o seu coração, e dali saiu sangue e água. Assim, fomos renascidos pela força das águas batismais. Fomos renascidos pela força do Senhor que nos lavou pelo seu sangue e nos deu a possibilidade de sermos banhados pela força do seu amor e da sua misericórdia. Ele se deixou ir até a cruz para que nós pudéssemos ir até a ressurreição”, ressaltou.
Segundo o celebrante, essa é a graça daquilo que nos celebramos hoje: Jesus veio manifestar uma face da qual nós nos escondíamos. “Jesus veio nos manifestar o verdadeiro coração do Pai que havia sido esquecido ao longo da história, desde o momento da picada da serpente. Jesus veio manifestar a beleza do coração de Deus porque é o próprio Deus que coloca à disposição toda uma vida, todo o seu amor em favor de Deus. Ele desceu para nos ensinar o que é ser humano”, mencionou e lamentou que o ser humano tenha atitudes de desumanidade.
Para Dom Gregório é preciso manifestar através da vida o tesouro da graça que temos em nosso coração. “Do seu lado ferido saiu sangue e água para nos lavar, para que sejamos homens e mulheres novos, para que a nossa vida, nossos gestos e os nossos pensamentos sejam humanos”, frisou. “Celebrando hoje essa grande festa, agradeçamos ao Senhor porque Ele testemunhou na sua própria carne aquilo que nós precisamos viver na nossa. E vivendo profundamente a sua vontade, que nós sejamos capazes de realizá-las pelos gestos e profundas atitudes de nossa vida”, destacou.
ANO JUBILAR
No final de sua homilia, Dom Gregório recordou a chegada dos primeiros frades franciscanos a Petrópolis, fazendo referência as celebrações do Ano Jubilar. Brincou que os primeiros franciscanos enviaram por antecipação seus corações. “E é bonito perceber que antes que eles chegassem o Senhor já os esperava aqui. É a beleza e a graça de irmãos que vieram nos trazer, a exemplo de São Francisco de Assis, a beleza de um coração que haveria de se manifestar a tantos homens e mulheres”, disse.
“Hoje, de modo especial, coloco a minha voz a disposição em nome de toda a nossa Diocese, para agradecer a presença desses irmãos franciscanos que com perseverança e com alegria continuam a manifestar através de suas atitudes e dos votos que professaram, esse coração de Deus que é a amor e misericórdia, como nos ensinou São Francisco de Assis”, lembrou.
O bispo de Petrópolis também recordou dos 75 anos da criação da Paróquia do Sagrado que escolheu o Sagrado Coração de Jesus como protetor. “Vocês vêm perseverando para que não falte a alegria da presença fraterna e de um coração de irmãos que é capaz de acolher tantos outros irmãos, por aquilo que Cristo ensinou e São Francisco praticou. Assim, deixo registrado o meu agradecimento a toda família franciscana”, sublinhou e concluiu: “Recordando os primeiros, agradeço os que estão aqui hoje e que são a continuidade dessa história que é fundamentalmente amor e misericórdia. Que Deus abençoe a todos e que essa recordação nos faça sempre caminhar juntos para o coração de Jesus do qual jorrou sangue e água. Que o nosso coração pulse no mesmo ritmo do Sagrado Coração de Jesus”, desejou.
A celebração teve continuidade com as preces seguidamente da liturgia eucarística. Após a comunhão o coral entoou a antífona de comunhão “Deus amou tanto o mundo”, composição de Frei Ademir José Peixer.
No final, Frei Jorge agradeceu a presença de todos, especialmente do Bispo e anunciou o lançamento do site da Paróquia do Sagrado, realizado neste dia 11 de junho. Explicou que se trata de um site institucional, comemorativo e celebrativo que reúne informações históricas mas que também apresenta registros atuais das pastorais, movimentos, capelanias e tudo o que envolve a missão evangelizadora da fraternidade do Sagrado.