No próximo domingo, 14 de novembro, será uma data festiva para a Diocese de Petrópolis e que, definitivamente, entra para o calendário litúrgico diocesano a ser celebrado anualmente. Neste dia, pelas mãos do bispo diocesano, Dom Gregório Paixão, OSB, como delegado do Papa Francisco, a imagem de Nossa Senhora do Amor Divino recebe a Coroação Pontifícia. A partir deste ato, a devoção deixa de ser restrita à Diocese e passa a ser universal na Igreja Católica, podendo ser celebrada em qualquer parte do mundo.
Para Dom Gregório Paixão este momento é de uma grande graça para Diocese de Petrópolis, cuja história está ligada diretamente a Nossa Senhora do Amor Divino, Ele lembra que a devoção começou ainda no século XVIII, quando da construção de uma capela dedicada à Nossa Senhora do Amor de Deus, construída nas terras do casal português Manoel Antunes Goulão e Caetana de Assumpção. “Essa coroação é uma graça que nos foi dada pelas mãos do Santo Padre, o Papa Francisco. Com a Coroação Pontifícia, ele está dizendo para todos que essa devoção não deve ser apenas para a nossa Diocese, mas, deve se espalhar e pode se espalhar para todo orbi católico” comentou o bispo diocesano.
A Coroação Pontifícia acontece durante a celebração eucarística, às 15h, na Igreja Nossa Senhora do Amor Divino, localizada no bairro Correas, em Petrópolis. Dom Gregório Paixão, depois de abençoar a coroa, representando o Papa Francisco, coloca a Coroa sobre a cabeça da Imagem, coroando conforme o rito litúrgico e declarando para todos o reconhecimento universal da devoção a Nossa Senhora do Amor Divino.
Para muitos pode parecer um ato normal e muito comum na Igreja a coroação de uma imagem da Virgem Maria. No entanto, a Coroação Pontifícia tem um caráter extraordinário, pois é o próprio Papa, por meio de um representante legal por ele indicado, conforme prescrito pela Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, que faz a coroação, dando a ela o reconhecimento universal.
“É um momento de grande graça para a Diocese e para todos que tem a Virgem Maria como mãe e são devotos. Com esta coroação queremos dizer para todos, que a exemplo da sempre Virgem Maria, desejamos ser seguidores, discípulos e missionários de Jesus Cristo, aquele que é o único senhor de nossas vidas. Que essa alegria nos faça reconhecer a obra de Deus que se realiza na simplicidade e na humildade da sempre Virgem Maria” afirmou o bispo da Diocese de Petrópolis.
Para celebrar a data, durante três dias – 11, 12 e 13 de novembro – as 47 paróquias da Diocese realizarão o tríduo em preparação a festa de coroação da imagem de Nossa Senhora do Amor Divino. No Santuário e Paróquia com o mesmo nome diversas atividades estão sendo realizadas e montada uma estrutura para receber os peregrinos, respeitando os protocolos sanitários do distanciamento sanitário, uso de máscara e álcool em gel. No domingo, a festa contará com uma apresentação da cantora católica Ziza Fernandes. Haverá transmissão on-line pelo canal da Paróquia de Correas no YouTube.
Única imagem do Estado do Rio a receber a Coroação Pontifícia
A Coroação Pontifícia de Nossa Senhora do Amor Divino coloca Petrópolis entre os roteiros de cidades que recebeu esta graça das mãos do Sumo Pontífice. Até o momento, desde 1904 com a Coroação de Nossa Senhora Aparecida pelo Papa Pio X, apenas sete imagens receberam está coração.
No entanto, a imagem de Nossa Senhora do Amor Divino será a primeira do Estado do Rio de Janeiro a receber está coração. As demais imagens coroadas pelo Papa são: Nossa Senhora Aparecida (1904), Aparecida (SP); Nossa Senhora do Carmo (1919), Recife (PE); Nossa Senhora de Nazaré (1953), Belém (PA); Nossa Senhora da Apresentação (1953), Natal (RN); Nossa Senhora do Pilar (1954), São João Del-Rei (MG); Nossa Senhora da Conceição (1963), Conselheiro Lafaiete (MG); e agora, Nossa Senhora do Amor Divino (2021), Petrópolis (RJ).
Levando em consideração toda história e sua importância para Diocese de Petrópolis, o então bispo diocesano, Dom Filippo Santoro, atual arcebispo de Taranto, na Itália. Em 2011 criou o Santuário Nossa Senhora do Amor Divino entendendo que esta devoção à Virgem Maria podia ser abraçada por todos os devotos de Nossa Senhora.
A decisão de Dom Filippo Santoro seguiu o gesto de seus antecessores, desde o primeiro bispo, Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra (1948/1984) que dedicou a Diocese aos cuidados da Virgem do Amor Divino. Dom Cintra deixou registrado que a construção do Seminário Diocesano, onde são formados os futuros sacerdotes, foi uma graça alcançada por meio da intercessão de Nossa Senhora do Amor Divino.
Após ele, os seus sucessores, Dom José Fernandes Veloso (1984/1996), Dom José Carlos de Lima Vaz (1996/2004), Dom Filippo (2004/2011) e desde 2012, Dom Gregório Paixão, OSB, colocaram sob os cuidados da Virgem do Amor Divino o seu governo episcopal e toda Diocese. “Não há dúvida que a Virgem Maria está presente em toda Diocese e isto nos enche de alegria, pois ela sempre nos conduz ao Cristo”, afirmou Dom Gregório.
Da capela do Padre Correa para o mundo
Venerada desde 1751 com o nome de Nossa Senhora do Amor de Deus. O atual título somente passou a ser conhecido quando o Padre Correa decidiu construir uma capela na fazenda da família, dando-lhe o título de Nossa Senhora do Amor Divino. Se antes era muito procurada, a partir da mudança foi se tornando mais popular.
A história da devoção começa com a abertura da Serra da Estrela, no século XVIII, atraindo para a região serrana o casal português Manoel Antunes Goulão e Caetana de Assumpção, com sua filha única Brites Maria de Assumpção.
Brites se casou com o jovem Manoel Correa da Silva dos quais nasceram seis filhos. Toda a família era devota de Nossa Senhora do Amor de Deus, devoção vinda de Portugal.
A primeira capela, dedicada à Nossa Senhora do Amor de Deus, foi erguida em 1751. Era muito frequentada, a proteção de Nossa Senhora era abundante e os primeiros milagres, pela intercessão de Maria, foram acontecendo. Por volta de 1782, Manoel e Brites resolveram mudar a sede da fazenda para o local onde hoje se encontra o Colégio Padre Correa.
Foi nesse local que o Padre Correa, nascido em 1759, filho legítimo de Manoel e Brites, construiu a capela dedicada a Nossa Senhora, dando-lhe o título de Capela de Nossa Senhora do Amor Divino.
A cerca de um quilômetro da Capela do Padre Correa existia uma outra, iniciada no século XIX, que passou por várias mudanças estruturais ao longo das décadas, sendo sua última obra datada de 1930. Para ela foram levados o antigo retábulo e o altar da capela construída pelo Padre Correas, assim como a imagem de Nossa Senhora do Amor Divino.
Com o passar dos anos e a instalação da Diocese de Petrópolis, Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra, primeiro bispo de Petrópolis, trazia no coração um grande sonho: construir o Seminário Diocesano da recém-criada Diocese. Sabendo dos milagres realizados pela intercessão de Nossa Senhora do Amor Divino, foi visitar a capela a ela dedicada. Diante da imagem se ajoelhou e pediu o milagre da construção, no que foi atendido prontamente.
Por sua vez, a capela onde se encontra a imagem da Virgem do Amor Divino passou a ser paróquia em 1960 e santuário diocesano em 2011.
Rogerio Tosta, Diocese de Petrópolis