Frei Augusto Luiz Gabriel
Petrópolis (RJ) – Nem mesmo o frio e a chuva na serra petropolitana espantou os fiéis e devotos de Nossa Senhora Aparecida nesta terça-feira, 12 de outubro, no Convento e Paróquia do Sagrado de Petrópolis (RJ). As celebrações e devoções começaram logo pela manhã, e chegaram a lotar a igreja, com gente acompanhando também pelas plataformas digitais da Paróquia. Logo no início do dia, os devotos da padroeira do Brasil já batiam à porta da Igreja, que é histórica e centenária e que ficou aberta ao público durante todo o dia, com missas às 7h e 15h. A solene Celebração Eucarística foi presidida pelo vigário paroquial, Frei José Ariovaldo da Silva, às 18 horas e contou com a presença do Coral dos frades do Tempo da Teologia, sob a regência do mestre e músico Frei Marcos Antônio de Andrade.
Frei Ariovaldo começou sua homilia explicando que o Evangelho fala de um casamento em Caná da Galileia (Jo 2,1-11). Entre os convidados lá se fez presente a ‘mãe de Jesus’, bem como ‘Jesus e seus discípulos’. Lembrou que a figura de Maria, aparece neste contexto como a ‘Senhora mãe’, como uma mulher que intercede pelo povo desprovido da alegria de viver e, ao mesmo tempo como a ‘mãe de Jesus’, que expressa um pedido: ‘Façam o que ele lhes disser para fazer’.
“Remete-nos à rainha Ester, outra grande mulher, lá do Antigo Testamento, como ouvimos na primeira leitura (Est 5,1b-2; 7,2b-3): junto ao rei Assuero encantado por sua beleza, ela intercede pelo povo fragilizado, sem vida; manifesta ao rei seu maior pedido e desejo: ‘Concede-me a vida… e a vida do meu povo’ (Est 7,3). Ester, uma nítida figura de Maria que, por sua vez, é figura da própria Igreja pela qual o divino Rei se encanta. Por isso, cantamos hoje o Salmo 44, cujo refrão soa assim: ‘Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: que o Rei se encante com vossa beleza!’”, introduziu o vigário paroquial.
Para Frei Ariovaldo, é no céu que se vislumbra o grande sinal de uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. “Esta mulher é sem dúvida Maria Imaculada, mas unida a ela também outra mulher, a saber, a jovem Igreja purificada no mistério pascal de Cristo e coroada com o martírio e testemunho dos doze apóstolos – doze estrelas -, da qual fazemos parte”, disse.
Segundo ele, a Igreja e Maria tem a missão comum de gerar e levar o Salvador ao mundo e presenciar sua vitória. “Destacando a figura de Maria, a Igreja assume, até certo grau, o que foi a obra de Maria. Isso vale também com relação à proteção da Pátria, que não é algo mágico, mas algo que se realiza mediante as nossas mãos, nosso empenho por uma Pátria melhor, mais justa, mais conforme a vontade de Deus”, ressaltou.
PADROEIRA DO BRASIL
Frei Ariovaldo explicou que para a Igreja em geral, existe ainda outra festa da “Imaculada Conceição”, que se celebra no dia 8 de dezembro. “Ambas celebram no fundo o mesmo mistério de Maria, criado por Deus Imaculada, a saber, no estado original do ser humano, sem mancha, sem mácula, sem pecado, paradisíaco, para que também nós, pela fé em Jesus e engajamento em seu projeto messiânico, entremos no estado original paradisíaco da graça que havíamos perdido”, frisou.
Para Frei Ariovaldo, ter a ‘Imaculada Conceição’ de Aparecida como nossa Padroeira significa uma vocação, um chamado e ao mesmo tempo uma ‘chamada’ ao povo brasileiro no sentido de superar o ‘pecado original’ enraizado em nosso inconsciente coletivo, pecado esse que tem um nome: violência e corrupção. “Sabe Deus se a falta de vinho nas bodas de Caná não foi também por eventual desvio de produto! Seja como for, a pergunta agora é esta: como vamos corrigir nossos vícios históricos? Ouvindo a mãe de Jesus e nossa mãe que, preocupada e pensando nos pobres marginalizados deste país, nos pede e até implora: ‘Façam o que meu Filho manda vocês fazer!’”.
Citando o Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, disse: “Para ser pátria amada a nação não pode ser pátria armada. Para ser pátria amada, temos que ser uma república sem mentira e sem fake news, pátria amada sem corrupção. Temos que ser pátria amada com fraternidade”, destacou, acrescentando: irmanada nas tarefas de cada dia.
“Ponham em prática o que ‘mamãe’ pede: Fazer o que Jesus pede para fazer: ‘Imanar-se nas tarefas de cada dia’. Então milagres vão acontecer. E a família brasileira toda fará festa. A festa dos pobres resgatados em sua dignidade. A festa da vida que, para glória de Deus, se expande para dentro da eternidade”, concluiu.
A primeira missa do dia, às 7 horas, foi presidida por Frei Ivo Müller, vigário paroquial. Já na missa das 15 horas, Frei Almir Ribeiro Guimarães foi presidente.
APARECIDA: PADROEIRA DAS DUCHAS E OSWALDO CRUZ
Os fiéis e devotos de Nossa Senhora Aparecida da comunidade de Duchas em Petrópolis (RJ), viveram um dia histórico e emocionante. A Igreja que vem sendo construída e que será dedicada a padroeira do Brasil acolheu a primeira Celebração Eucarística, às 10 horas, neste dia 12 de outubro. A missa não estava prevista para acontecer no local, que desde o ano passado vem sendo construída e que nas últimas semanas ganhou a cobertura, mas por conta da chuva, o espaço que ainda não foi inaugurado, foi improvisado para a Santa Missa. O pároco, Frei Jorge Paulo Schiavini foi o presidente da celebração e explicou que tal gesto não se caracteriza ainda como a inauguração da Igreja, mas que em um futuro muito próximo, assim será feito. No final da celebração, as crianças emocionaram novamente a comunidade com a realização da coroação de Nossa Senhora. Um dia rico em significado e esperança de dias melhores!
Na comunidade Oswaldo Cruz, que também tem Nossa Senhora Aparecida como padroeira, as festividades começaram ainda no começo do mês de outubro, com as celebrações da novena. Nos últimos dias, bem como neste dia 12 de outubro, a comunidade promoveu a venda de comidas típicas com barracas montadas em frente da Igreja. A solene Celebração Eucarística foi presidida pelo vigário paroquial, Frei José Clemente Schafaschek, às 10 horas, no salão da capela.
FIÉIS HOMENAGEIAM NOSSA SENHORA EM MOTO ROMARIA
Já é uma tradição na Igreja do Sagrado realizar a bênção dos motociclistas da “Moto Romaria”. E na manhã deste dia 12 de outubro, às 9h30, não foi diferente. Em frente à Igreja do Sagrado Coração de Jesus realizou-se a tradicional oração com direito a muita água benta, não só do asperge dos freis, mas também do céu. Com fé e devoção, Frei Felipe Medeiros Carretta e Frei Danilo Oliveira conduziram este momento de bênção e fizeram memória dos mais de 600 mil mortos pela Covid-19, doença que atingiu também os profissionais da área.
O evento reuniu integrantes de moto clubes que, após receberem a bênção dos freis atravessam o centro da cidade, ao som do ronco dos motores e buzinas, levando a imagem da santa até à Igreja de Nossa Senhora Aparecida, no Quitandinha. Já é a 21ª edição do evento que neste ano teve um motivo especial: uma campanha antecipada reuniu milhares de quilos de alimentos que serão doados para instituições beneficentes da cidade.