Contavam nossos antepassados, que no final do século XIX, no alto de uma colina, onde tudo era mato, um homem da família Maia, ao cortar lenha, sofreu um profundo corte de machado. No mesmo instante, lembrou-se de nossa Senhora da qual era devoto e prometeu que se ficasse curado, ergueria no local uma pequena capela. Mais tarde, assim foi feito, construí-se uma pequena sala com a imagem de Maria, onde logo os devotos do bairro, mesmo só com uma trilha pelo mato, iam fazer suas orações do terço.
Em seguida, com a colaboração dos frades do Sagrado e famílias do bairro, foi erguida uma pequena capela, com a imagem que recebeu o nome de Nossa Senhora Auxiliadora. No Inicio do século XX, a igreja era frequentada pelas pessoas do quarteirão,descendentes de colonos alemães, só havendo missa uma vez por mês e, eram rezadas em latim. As pessoas tinham seu livro de missa onde acompanhavam as orações em alemão era oque nos contavam nossos antepassados.
Com o passar dos anos, veio um capelão que foi Frei Mariano, que continuou com o alemão e também português e a missa continuava sendo mensal. Foi criado o coral Santa Cecília e as missas eram cantadas. O povo daquela época era muito devoto a Nossa Senhora Auxiliadora e, no mês de maio, sempre subiam a colina para rezar o terço e também nas sextas-feiras da quaresma subiam rezando a via sacra. Existiam as capelinhas de madeira com as quatorze estações, que foram, muitos anos depois, substituídas pelas lindas grutas atuais.
Também foi planejada a festa, sendo escolhido o mês de maio que é o mês de nossa Senhora. Havia a procissão que saía do Sagrado e ia reunindo pelo caminho pessoas do centro e de vários bairros que acompanhavam a romaria bem como, diversos grupos, como os Congregados Marianos, a liga de nossa Senhora Auxiliadora das irmãs de Santa Catarina que muito colaboraram, a associação de Santa Cecília, todos com seus estandartes e a banda de musica, que fazia seus números durante o trajeto que era realizo a pé, pois naquela época não havia condução e, assim, caminhavam a passos lentos até o alto da colina aonde, ao chegarem, eram recebidos com fogos, cantos, aplausos e muita emoção.Após a missa,começava a festa.
Ainda hoje, realiza-se a procissão no dia da festa, no domingo de ramos e na sexta-feirta santa, com a via-sacra encenada pelos jovens, muitos da quinta geração daqueles pioneiros, a partir da escola Santa Maria Goretti.
Na Casinha ao lado da capela, morou o Sr.Luiz Vogel casado com Ana que foram os primeiros zeladores da capela, Ali criaram 12 filhos. Após sua morte passou passou para seu irmão Guilherme Vogel e Elisa Hutter que também foram zeladores por muitos anos até o fim de suas vidas. Ainda existe a centenária casa,pela qual, já passaram muitos que também ajudaram a manter nossa igreja e atualmente mora um casal com seus dois filhos.
Lembro-me dos festejos dos cinquenta anos da capela de nossa Senhora Auxiliadora. Estava tudo preparado, com muito esforço de todos para festa no domingo, quando no sábado á noite, começou uma forte chuva e a festa foi transferida para o domingo seguinte, porém a missa aconteceu naquele domingo mesmo e a igreja estava linda, parecia mais um jardim. Chovia lá fora, porém, dentro da igreja brilhou um lindo sol.
Na época o presidente era o Sr. José Vogel, nascido em 21 de abril de 1901, portanto tinha a mesma idade da capela. Exerceu o cargo durante 10 anos afastando-se por motivo de saúde. Na época o capelão era Frei Mathias que permaneceu por muitos anos, sendo incansável e realizando muitas benfeitorias, foi o criador da escola Santa Maria Goretti.
Com o decorrer dos anos, passaram muitos freis e presidentes, com boas diretorias, que muito fizeram em benefício da Capela. Ultimamente, o incansável Edson Mundstein(nosso amigo Noni), e sua diretorias que muito lutaram por vários anos, tendo se afastado por motivos de saúde e finalmente temos de agradecer ao esforço do presidente atual Sr.Fernando e sua diretoria que, com a ajuda da comunidade, encararam com coragem e determinação o desafio de calçar o caminho da colina a tempo das comemorações do centenário.
Comemorar 100 anos é um privilégio muito grande e só nos resta agradecer a Deus e a nossa Senhora Auxiliadora pelas muitas bênçãos derramadas a seus devotos e pedir que continuem a iluminar nossos caminhos para que possamos cada vez mais continuar a engrandecer e propagar o evangelho a todos aqueles que aqui chegam e ajudar aos mais necessitados.
Que Deus nos abençoe e guarde.
Clara Stumpf Pitzer